A Polícia Militar e o Conselho Tutelar foram acionados, mas só após 40 minutos, descobriram que a criança era da creche. Ainda de acordo com uma testemunha, a criança por pouco não foi atropelada e um caminhoneiro, no momento em que ela apareceu no posto, foi até a escola.

"No momento em que ela chegou aqui no posto, um rapaz foi lá na escola. Falaram que 'jamais' uma criança sairia dali. Que era impossível. O caminhoneiro, achando que ela não era de lá mesmo, foi embora", contou um funcionário do posto.

A criança foi levada para a creche e a mãe dela acioanda. Porém, segundo a família, a creche disse que a criança só havia saído no portão.

O que diz a família?

Quando a mãe foi chamada à escola, a avó, Arlete Vieira Souza, pensou que a neta tivesse feito alguma coisa errada. Segundo ela, a menina é um pouco agitada, mas nada fora do normal para uma criança de 2 anos.

“Minha filha foi acionada na creche, porque falaram que tinha acontecido uma coisa muito séria. Na creche, eles falaram que a minha neta saiu para fora, mas que o moço que fazia uma entrega lá tinha visto e acionado as funcionárias. Não satisfeitos em mentir, a coordenadora disse para minha filha que o comportamento mais 'agitado' da minha neta era por conta da separação dela com o marido, julgando a decisão dela."

Após a filha chegar em casa e contar o que aconteceu, Arlete decidiu ir no dia seguinte à escola. Lá, a coordenação manteve a mesma versão, de que a criança havia saído apenas pelo portão, além de pedirem para que ela acompanhasse a criança em um dia de aula.

“Eu achei estranho eles julgarem o comportamento da criança por conta da separação dos pais. Além disso, reduziram o tempo dela na escola em duas horas. Fui muito bem recebida e a coordenadora orientou a acompanhar a criança na creche. Eles alegaram que a criança não participava das atividades. Combinei com a escola e fui para casa”, continuou Arlete, que cuida da neta para a filha trabalhar.

A aposentada conta que, quando chegou em casa, foi olhar um grupo de vendas no WhatsApp e, nesse momento, descobriu que sua neta havia andado cerca de 150 metros sozinha, até um posto de combustível na rua Terezinha de Melo Jerônimo de Oliveira.

“Eu li uma mensagem de uma senhora que queria saber sobre uma criança que estava desaparecida no posto. Foi um desespero muito grande, porque na hora eu já sabia que era minha neta. A senhora contou o que aconteceu e eu fiquei muito indignada”, desabafou Arlete.

A mulher então decidiu ir ao posto de combustível. Lá, descobriu que a neta havia sido resgatada por dois frentistas, que evitaram um atropelamento por uma caminhonete e um caminhão que passavam pelo local.

“Ela ficou 40 minutos fora da escola. Todo mundo do posto e a mulher que abastecia lá ficaram desesperados, porque ela só pedia pela ‘vovó’, ninguém sabia o que estava acontecendo. O pessoal do posto queria saber onde ela estava, inclusive deram voltas no bairro para ver se achavam alguém procurando por ela. Nisso, decidiram chamar a Polícia Militar e o Conselho Tutelar. Só aí, depois de muito tempo, a escola se deu conta que uma criança havia saído de lá.”

Indignada, ao descobrir a verdade na quarta-feira, Arlete imediatamente registrou um boletim de ocorrência. Ela também procurou a Secretaria de Educação, onde conseguiu a transferência da escola.

“Graças a Deus, tinha o pessoal do posto, porque se não… O entregador falou que tinha uma criança do lado de fora e elas não foram nem olhar quem era. Inclusive, elas falaram que da creche ninguém saiu. As imagens mostram que ninguém da creche viu ela saindo, mesmo com o rapaz falando que tinha alguém do lado de fora. Poderia ter acontecido alguma coisa.”

Arlete também disse que a creche precisa fazer algumas alterações, já que o portão por onde o entregador entrou e saiu é de fácil acesso para as crianças.

“Um local que só tem crianças tinha que ser seguro, tinha que ter proteção de todos os lados. Um local que só tem crianças não pode ter um portão de livre acesso. Quem tem que entender as crianças são os adultos, não o contrário. É por isso que tem coordenador, supervisor... Não trabalharam em equipe, não analisaram o próprio trabalho? Um local que não tem segurança, como os pais vão ficar agora? A gente não culpa as professoras, vivem sobrecarregadas... Culpamos a coordenação da creche”, finalizou.

Prefeitura vai investigar a fuga

A creche é administrada pela entidade Estrela de Davi, que possui convênio com a Prefeitura de Franca. Em resposta ao caso, a Secretaria Municipal de Educação, por meio da Supervisão de Ensino, enviou uma equipe à creche para investigar os fatos. A unidade foi notificada e deverá prestar esclarecimentos sobre o ocorrido. A Secretaria informou ainda que o caso será encaminhado à Controladoria Geral para a adoção das medidas cabíveis.

Coordenação nega negligência

A coordenação da creche diz que não houve negligência pelos funcionários da unidade. "Não negligenciamos o socorro! Entregador deixa o portão aberto, a criança sai, ele disse que nos avisou, mas as câmera comprovam que não! Assim que notamos a ausência, saímos a procura e a encontramos!", alegou.