
Atualizado às 12h38
Um dos julgamentos mais esperados em Franca chegou ao fim no começo da tarde desta quinta-feira. Acusado de ser o causador do acidente que provocou a morte de três jovens na avenida Paulo VI, o motorista Cairo César Cruz foi condenado a três anos de detenção pelo crime de homicídio culposo. A pena será substituída por prestação de serviços à comunidade e por pagamento de cinco salários mínimos às vítimas. Cairo poderá recorrer da decisão em liberdade.
Sobre o julgamento
Três anos após se envolver em um acidente de trânsito que resultou na morte de três jovens, o motorista Cairo César Cruz está sentado no banco dos réus do Fórum de Franca para prestar contas com a Justiça.
O julgamento começou às 9 horas e deve ser estender até o final da tarde. O júri é presidido pelo juiz Paulo Sérgio Jorge Filho. Cairo é acusado pelo Ministério Público de ser o responsável pelas mortes de Bruna Cintrza Justino, 20, Carolina Rodrigues Borges, 20, e Mariana Luiza de Sousa, 19. Ele também responderá por tentativa de homicídio, já que, em razão da colisão, causou ferimentos ao estudante César Eduardo Gonçalves, 18.
Cairo César Cruz foi ouvido pelo juiz Paulo Sérgio Jorge Filho durante julgamento e negou ter dirigido com imprudência.
O acusado disse que se lembra de poucos detalhes do acidente. Afirmou que não ingeriu bebida alcoólica. "Comprei apenas dois ou três sucos".
Também afirmou que não estava dirigindo em alta velocidade. "Se eu passasse de 110 por hora, o carro apitava".
A velocidade máxima permitida na avenida é de 60 km/h. Segundo o Ministério Público, há provas de que ele bebeu antes de dirigir e que excedeu o limite de velocidade permitida.
O promotor Odilon Nery Comodaro, responsável pela acusação de Cairo César Cruz, afirmou que o motorista assumiu o risco de provocar as três mortes e que deve ser responsabilizado. "A tragédia foi resultado da combinação álcool com velocidade. Foi uma irresponsabilidade muito grande".
Odilon iniciou sua explanação dizendo que não sente confortável em participar de um júri semelhante ao que está acontecendo. "O estado de ânimo é de muito abatimento. Não houve ganho para ninguém. A tragédia afetou a todos. É uma tristeza para todos, mas não podemos fugir. Há necessidade de julgamento. Vamos tirar efeito didático, principalmente, para os jovens, para evitar que outros casos aconteçam".
O promotor disse que há imagens mostrando o acusado com lata e copo de cerveja na mão. Odilon exibiu depoimento de testemunha afirmando que Cairo bebeu suco com vodca e que ele estaria "muito tonto".
Para o promotor, o fato do motorista ter bebido é um fator adicional para que a tragédia ocorresse. O fator determinante foi a velocidade excessiva. "Quando estavam indo para a padaria, a Carolina (uma das vítimas) havia pedido para o motorista parar de correr porque ela não queria morrer. Mesmo alertado da alta velocidade, ele voltou a correr quando saíram do local".
Odilon afirmou que laudos da perícia constataram que o carro estava a 100 quilômetros por hora. "Isso, é velocidade de auto pista. O máximo permitido no local é 60 km/h. O carro derrapou por causa da velocidade. Ele não freou. O Cairo assumiu o risco de causar a morte. Não estamos falando em intenção, mas de assumir o risco".
Foto: Edson Arantes/Comércio da Franca

O jovem Caio César Cruz durante julgamento na manhã de hoje.
Foto: Edson Arantes/Comércio da Franca

O jovem Caio César Cruz durante julgamento na manhã de hoje.
A advogada de defesa de Cairo, Abadia Neves Bereta, disse que seu cliente não teve a intenção de provocar a morte das três jovens. Afirmou que houve excesso na acusação. Ela pediu aos jurados que o acusado seja julgado por homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar, e não, por doloso, como pretende o MP.
Abadia argumentou que ocorreram outros acidentes graves com vítimas fatais na cidade e que os motoristas não foram julgados por homicídio doloso. "Não buscamos que o Cairo saia ileso, mas também não queremos que ele se torne um bode expiatório. Não basta assumir o risco, tem que querer matar. Ele não teve essa intenção".
Ao contrário do que afirmou o Ministério Público, a defesa alegou que Cairo tentou evitar o acidente. "Ele freou sim. Pode ter sido imprudente, mas tentou impedir o acidente. O Cairo não quis o resultado morte. Infelizmente, houve um trágico acidente. Que seja julgado por ilícito culposo. Tem que ter resposta, mas dentro da verdade".

Abadia Neves Bereta disse que seu cliente não teve a intenção de provocar a morte das três jovens
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