
O anúncio do estudo para o fechamento da Escola Estadual “Professor Otávio Martins de Souza”, na Vila Chico Júlio, mobilizou funcionários e alunos da unidade em uma semana de manifestações, que começou ontem, contra o ato. A ideia é transferir os estudantes do ensino fundamental para a EE “David Carneiro Ewbank” e os alunos do ensino médio para a EE “Torquato Caleiro”. O Estado não confirma nem descarta o fim da escola.
Segundo membros do Conselho de Escola e do Grêmio Estudantil da “Otávio Martins”, o aviso de encerramento das atividades veio da Diretoria Regional de Ensino, na manhã da última quarta-feira, durante uma reunião que tratou da reorganização escolar que será promovida em todo o Estado pela Secretaria de Educação. De acordo com a nova proposta, as escolas passarão a receber alunos de faixas etárias compatíveis e, para isso, cerca de 1 milhão de estudantes serão remanejados para prédios distintos, no Estado.
“A própria dirigente (Maria Luiza Franco Nery Machado) esteve aqui, chamou as turmas do Grêmio e do Conselho Escolar e falou que tem uma proposta para fechar a ‘Otávio Martins’”, disse a professora Daniela da Silva Medeiros, que participou do encontro. “Disseram que não temos demanda, mas temos os dois turnos cheios. São 400 alunos e atendemos a um público específico que não é qualquer escola que tem estrutura para atendê-lo. São alunos com Síndrome de Down, cegos, surdos e com múltiplas deficiências”, completou.
A decisão final será informada em 14 de novembro, data intitulada como “Dia E”. Na ocasião, pais, alunos e funcionários das escolas envolvidas na reorganização serão avisados sobre os novos moldes e locais para onde serão remanejados.
Os endereços, aliás, são um ponto de conflito entre os manifestantes e a Diretoria Regional de Ensino. O que ocorre é que a proposta de reorganização diz que os remanejamentos só podem acontecer quando a opção de mudança tiver, no máximo, 1,5 km de distância da escola original. “Mas o cálculo é feito em linha reta e ninguém tem avião para fazer o percurso assim”, disse Daniela. A preocupação é que, considerando os quarteirões e geografia das ruas, os trajetos das escolas ao redor da “Otávio” ultrapassem o limite proposto. Mas, considerando as duas escolas apresentadas como opções, em ambos os casos, as distâncias não ultrapassam 1,5 km - de acordo com rotas a pé traçadas pelo Google Maps.
Ameaças constantes
Esta é a terceira vez desde 2009 que a “Otávio Martins” convive com o risco iminente de ter suas portas fechadas. Da primeira vez, o motivo apresentado e não confirmado seria de que o prédio onde funciona daria lugar à Fatec (Faculdade de Tecnologia) de Franca. A ameaça não se concretizou, mas retornou em 2012, quando boatos diziam que o prédio daria lugar à Diretoria Regional de Ensino. Como se sabe, a escola não fechou, mas teve parte de sua estrutura cedida, realmente, para esse fim. A capacidade de acolhimento da “Otávio” passou, então, de 600 para 400 alunos.
Manifestações
A mobilização contra o possível fechamento da “Otávio Martins” teve início na manhã de ontem, quando os alunos se juntaram no pátio e gritaram em direção à Diretoria Regional de Ensino: “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”. No mesmo dia, ergueram cartazes em protesto na entrada da escola.
A próxima manifestação acontecerá nesta manhã, quando, às 7h30, membros da escola sairão em passeata até a Feira de Ciências, que envolve diversas escolas de Franca, na igreja São Sebastião, na Estação. O grupo pretende ainda agendar uma aula ao ar livre na praça central, para chamar a atenção e conquistar o apoio da comunidade.
“Não é justo fecharem a nossa escola”, disse um dos alunos. “Estudo aqui desde 2009, em período integral. Se formos contar, acredito que 70% das nossas vidas passamos aí dentro. É como se fossem acabar com a nossa casa”, completou.
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