
Duas coisas são muito bonitas no restaurante Gero: a fachada discretíssima, à prova até de arrastão, acho, e a iluminação, que nos deixa sempre bonitas. Falei com vocês na semana passada sobre uma boa descoberta em São Paulo, o Le Jazz, e essa semana, não estou tão animada assim. Gostaria de achar o ponto justo para falar desse que é um dos restaurantes do grande restaurateur Rogério Fasano, quase como se ele fosse ler o texto e eu não quisesse magoá-lo, porque sei o quanto custa acertar sempre.
E é isso: ir ao Gero é a certeza de que se vai ser bem atendido, de que seu pedido chegará à mesa conforme o esperado em tempo, apresentação e sabor. Mas só. Parece piada alguém dizer: só! Como se eu não soubesse o quanto isso é difícil. Mas a questão é a tal da expectativa, e daí acontece talvez o único tropeço do restaurante: não atender a alta expectativa. A bem da verdade, tínhamos prometido que não voltaríamos mais nesses restaurantes exorbitantemente caros, simplesmente porque achamos que não está compensando mais. Mas minha filha, depois de ceder a todas as minhas vontades gastronômicas, resolveu meio que pedir para irmos jantar por lá. Revi minha quase intenção de promessa - e resolvemos ir.
Dizer que deu alguma coisa errada? De modo algum. Mas a única justificativa para se cobrar R$ 78 num prato de ravióli de muçarela de búfala, seria nos entregar o céu - e isso não aconteceu. Achar justificativa para cobrar R$ 98 num filé de saint peter com vôngoles, teria que vir junto o surpreendente - e esse definitivamente não veio.
Acho que há uma descombinação entre preços, que cria uma falsa ilusão de requinte, de superioridade, que a comida não revela. Há anos, o primeiro prato do cardápio continua sendo o ravióli de muçarela de búfula com molho de tomates. Nada contra, uma delícia - e não serei eu a colocar preço no serviço dos outros -, mas sei que R$ 78 não vale.
Três moças excessivamente arrumadas, maquiagem e cabelos de salão numa terça à noite, se fotografam o tempo inteiro; outra mesa, certamente habitues, advogados ricos comemoram um ganho importante. Outra mesa, velhos amigos, descontraídos, soltos, em camisas polo, bermudas, bebericam seus uísques, parecem não se preocupar com muita coisa. Assim, a gente vai constatando que alguns restaurantes, que outrora foram conhecidos por sua excelente comida, passam a ser apenas local de distinção. Como se eles apenas separassem aqueles que podem pagar R$ 78 num prato de ravióli daqueles que não podem pagar R$ 78 num prato de ravióli. E claro, o ravióli é bom, né.
Sinceramente, fiz a vontade de minha filha, alegro-me, mas saí de lá com os votos renovados, firmes dessa vez.
DICA DA SEMANA
Marinada
Já falamos por aqui de vários tipos de marinada para os mais diversos tipos de carnes. O que pode conferir mais sabor e maciez. Mas pouco se fala em marinadas para saladas, isso porque nós brasileiros temos o hábito de consumir principalmente folhas como saladas e daí o tempero será aquele colocado no último minuto da reparação.
Mas, quando vamos fazer uma salada com favas ou grãos, pode-se e deve-se colocar em marinada. Principalmente se se tratar de: feijões, favas e vagens. Porque são ruins para pegar tempero.
A primeira dica, até já falei por aqui, é temperá-los ainda mornos, depois de frios, eles se fecham. Uma boa marinada para esse tipo de salada é feita com vinagre balsâmico, açúcar, alho, azeite, sal e pimenta do reino. Outra dica importante: Primeiro dissolva o sal no vinagre, batendo com batedor se for preciso. Em óleo, o sal não se dissolve. O azeite deve ser colocado por último e batendo-se até que emulsione. Esses grãos ou favas devem ficar por pelo menos 24 horas na marinada. Fica uma delícia!
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