Comida Real no Brasil Império


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Acho engraçado falarem dos barões do café sem que nossa Franca apareça, afinal tivemos nosso barão
Acho engraçado falarem dos barões do café sem que nossa Franca apareça, afinal tivemos nosso barão
Eu e mais um tantão de gente estamos lendo o terceiro livro do professor e historiador Laurentino Gomes que fala sobre o Brasil, mais especificamente o 1889, que trata do Brasil República. E como é obvio, cada um lê um livro com seus próprios olhos - os meus estão sempre com fome, ávidos por comida. Basta alguém mencionar algum repasto, um cremisinho levinho, um canapé, para a minha boca salivar. O professor, como um bom retratista, revela-nos o Brasil e o mundo do século XIX, e os hábitos alimentares não poderiam faltar. 
 
Nessa época, almoçava-se às 10h. E jantava-se às 4h. Da tarde. À noite, uma ceia, por volta das 8h. Da noite. Uma refeição típica era composta por uma sopa - acredito que por influência dos hábitos europeus -, bife, arroz com galinha, feijão, farinha. O doce seria uma marmelada ou doce de figo ou uma fruta. Bebia-se um copo de refresco e a finalização com o de sempre: cafezinho. Claro que isso era um hábito burguês, não estou falando de gente muito pobre.
 
Os escravos. Muito já se falou sobre a comida do cativo, sobre a herança alimentar dos negros. De certo, sabe-se que, quando os negros vieram abastecer as fazendas de café do interior de São Paulo, o que eles comiam era o charque. A cidade de Pelotas, no Brasil Império, foi a mais rica do sul do país: abatia 300 mil bois gordos por ano a fim de produzir a carne salgada e curtida nas charqueadas. Essa carne vinha principalmente para São Paulo e destinava-se aos escravos.
 
Ah! E os barões do café? Esses, aproveitando-se dos inúmeros confortos trazidos pelo século XIX, levaram para o campo o conforto das cidades. Deixou- se de cozinhar agachado, o fogão assume uma forma parecida com a dos fogões à lenha de hoje. As cozinhas, enormes, vêm para dentro das casas, embora ainda voltadas para o quintal. E o negro é o grande possibilitador do luxo que foi a vida dos barões e baronesas do café. Havia os cadernos de receitas das senhoras, normalmente doces. Surgem os ‘cakes’ que viraram queques nos cadernos de receitas. Surge uma variedade de receitas de cremesinhos para encher os pots de crème, que compunham as porcelanas trazidas da Europa. Os pinhões caipiras são utilizados com sucesso em lugar das castanhas. Acontece uma globalização culinária, pois aparecem molhos, cremes que deveriam se amalgamar com os produtos caipiras - ninguém se decepcionou.
 
Acho engraçado falarem dos barões do café sem que nossa Franca apareça no contexto. Nós, francanos, conhecemos as flores, os frutos, a planta. Não sou conhecedora da história de Franca, mas ao que consta, tivemos nosso barão, José Garcia Duarte, que em 1888 recebeu a sua comenda de barão. Enfim, fico eu aqui a imaginar as panelas desse nobre senhor, encantado talvez pela Europa, mas refém da deliciosa Minas Gerais.
 
 
DICA DA SEMANA
 
Pots de creme
 
Para este domingo escolhi uma sobremesa requintada dos tempos imperiais. Vamos lá. A receita é simples. 
 
Os ingredientes: 9 xícaras de leite, 9 gemas, um pau de canela mais 3 xícaras de chá de leite. 
 
Para começar, bata as gemas com o açúcar a moda de uma gemada. Ferva o leite com a canela junto. Coe o leite e misture muito bem às gemas. Coloque em potinhos, asse em banho Maria, em forno a 220º, por cerca de 20 minutos. Depois é só saborear. 

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