
Franja lisa escorrida sobre o rosto, unhas pretas, maquiagem pesada com lápis escuro nos olhos e roupas sempre em tons de roxo, vermelho, preto ou marrons. Estes são os emos, termo utilizado para designar uma tribo de jovens que se inspira no estilo musical "emotional hardcore" de bandas como NX Zero, Fresno, Simple Plan e My Chemical Romance, por exemplo. Assim como os roqueiros e os sertanejos, eles têm estilo de vida e de vestimenta parecido como o dos ídolos musicais. Outra característica do grupo emo é a sensibilidade, a emoção e o carinho que eles tem por outros integrantes da tribo. Eles se cumprimentam com um forte abraço e com o famoso "bolinho" - abraço dado por muitas pessoas ao mesmo tempo. Alguns ousam um pouco mais e dão beijo selinho nos amigos (homens e mulheres, mas isso não é regra). No Brasil, a cultura e a ideologia desta tribo se propagou principalmente após o ano 2000, quando o cenário do rock viu emerger grupos como o liderado por Di Ferrero, o NX Zero, e o Fresno, pouco depois. É comum hoje nas praças, mesmo de cidades como Franca, ver jovens, principalmente de até 18 anos, vestidos com roupas escuras cantando e conversando em rodinhas de amigos. Outro ponto de encontro dos emos é o Franca Shopping, principalmente nas noites de sexta-feira. Adepto a essa tribo, o jovem Túlio Martins Garcia, de 20 anos, é o que ele costuma chamar de "quase emo". No início de 2009 teve uma fase em que se envolveu muito com o estilo. Primeiro se interessou pelas bandas de rock que tocam o som "emotional hardcore" que falam geralmente de amor e morte. Depois ele começou a se relacionar com outras pessoas que tinham o mesmo gosto, para então adotar as roupas, cabelo e maquiagem dos emos. Hoje não se considera mais emo, apesar de manter o estilo. "O pessoal é triste, depressivo e melancólico. Eu não sou assim, sou alegre. Por isso acho que não sou um emo", disse. Assim como qualquer outro grupo social, os emos também são alvo de atitudes preconceituosas e até de violência em algumas vezes. Túlio já foi derrubado por alguém que ele nem conhecia e levou vários chutes pelo corpo. Não sabe até hoje os motivos pelos quais apanhou. Os emos, fechados em seu grupo, se reúnem em baladas do tipo particular. Na maioria das vezes não curtem bar e festas com outras tribos. Por isso, o local mais provável de encontrar um emo é na Praça Nossa Senhora da Conceição, próximo a concha acústica, e no Franca Shopping. O assunto predileto nas suas rodinhas são estilos de cabelo e roupas, além de músicas e histórias sinistras e de terror. Kewillin Dely de Almeida, de 20 anos, é outra adepta da "cultura", mas assim como Túlio, não tem o que muitas pessoas julgam ser a principal característica dos emos: depressão. "As pessoas acham que todo emo é chorão e homossexual, mas não é isso, somos apenas emotivos", conta. Para ela a maquiagem preta, as cores escuras e o cabelo liso e escorrido no rosto, são os códigos que os diferenciam de outras tribos. "Ser emo é ter coragem para ser livre de todos os preconceitos", conclui.
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