
Ao menos 19 grandes empresas de Franca não contarão mais com o fornecimento de energia excedente oferecido pela CPFL a partir do dia 14 de janeiro. A eletricidade é parte da sobra de produção e tem preço subsidiado ao mercado para uso nos horários de pico de consumo, entre 18 e 21 horas. Com a suspensão, voltarão a funcionar os poluentes geradores a óleo diesel. Ao menos em um caso, na Amazonas, está sendo cogitado parar alguns setores da indústria por tempo indeterminado.
Como o nome do serviço indica, esse tipo de energia pode ser, segundo nota da concessionária, interrompido a qualquer momento do contrato. Em 2003, a CPFL procurou as empresas para oferecer o produto como forma de substituir os geradores a diesel.
O raciocínio é simples: com chuvas mais constantes, os níveis dos reservatórios nas usinas hidrelétricas sobem, produzindo mais eletricidade. O que excede a demanda regular de consumo é ofertado a preços menores para o mercado. Com a estiagem do ano passado, a CPFL alega agora que não tem mais como continuar com o compromisso assumido com os empresários. A decisão teria sido tomada em conjunto com outras concessionárias.
As empresas de energia, desta forma, oferecem a eletricidade a preço menor do que o convencional para o horário, mas não inferior ao valor gasto com os geradores.
A suspensão, alegam alguns empresários, teria motivação financeira por parte da CPFL, que estaria pretendendo aumentar o valor do kilowatt/hora, que hoje é de R$ 450 para até R$ 800. Segundo Clinger Barcelos Ferreira, gerente de negócios da empresa, não se trata de uma negociação, mas de uma suspensão por tempo indeterminado.
Em Franca, segundo o gerente de relacionamento da CPFL, Marcos Pereira Guimarães, pelo menos 19 empresas serão afetadas. Duas das maiores atingidas pela suspensão, a Unifran e Grupo Amazonas, reagiram de formas diferentes. Enquanto a primeira colocará seus três geradores em funcionamento no próximo fim de semana, a fábrica de solados Amazonas pode até optar pela paralisação de alguns setores.
Os geradores da Amazonas, confirmou Saulo Pucci, diretor da empresa, estão em Novo Hamburgo. Poderiam chegar a Franca em 48 horas, mas a empresa ainda não decidiu por trazê-los.
Como usar a eletricidade convencional com preço superelevado para o horário está fora de cogitação, uma saída, de acordo com
Pucci, é parar a produção por tempo indeterminado. Até ontem, a empresa ainda não havia tomado nenhuma decisão.
Na ponta do lápis, a substituição da energia que a CPFL vinha fornecendo às empresas pela geração de eletricidade de origem termoelétrica, como é o caso do diesel, não significa que o empresário gastará mais.
O prejuízo, nesses casos, é ambiental. A eletricidade obtida a partir de um gerador movido por combustível fóssil é suja e o equipamento, poluente.
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