Nazir Bittar


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O musicista francano Nazir Bittar Filho: vida dedicada à boa música
O musicista francano Nazir Bittar Filho: vida dedicada à boa música
Graduado em Regência e Piano pela Unicamp, Nazir Bittar Filho, 36, passou os últimos nove anos de sua vida cumprindo mestrado em Musicologia na Universidade de Colônia, na Alemanha, onde também trabalhou como regente em orquestras de câmara de igrejas. De volta ao Brasil, passando uma temporada em Franca, onde, para não ficar parado, vem ministrando aulas de alemão, o musicista entende que, embora amada, Franca é restrita para as titulações que acumula no currículo. Seguir pela Rodovia Cândido Portinari e tentar regência na Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto ou a docência no curso de Música que a USP (Universidade de São Paulo) com campus naquela cidade oferece? Nazir ainda não sabe responder. Está se climatizando ao País, à sua gente, ao calor abençoado por Deus, louvado pelo nosso conterrâneo. MESTRADO Ao optar por Musicologia, Nazir mergulhou no estudo eminentemente acadêmico da música. “Foi um choque permanecer longe dos instrumentos musicais e me envolver por inteiro pela teoria. Sempre gostei muito de estudar, assim como sempre fui bastante atraído pela performance musical em si”. Assim, tendo estudado a fundo Teoria Musical, ele desfia curiosidades que talvez soem bastante novas a ouvidos leigos, como as diferenças nas partituras de compositores anteriores ao período Barroco, por exemplo. “Partituras anteriores, vamos dizer, a Beethoven são de difícil interpretação e há questões sociais e culturais envolvidas nisso, uma vez que nesse período os músicos não passavam de empregados do rei, não raro, com grau de instrução muito rudimentar. Compositores como Bach, Haendel, Vivaldi, Mozart, Haydn eram invariavelmente empregados do rei ou da igreja, com obrigação semanal de produção artística. Com o passar do tempo isso foi mudando, a música começou a ter um papel de formação e não somente uma função. Partituras do século 20, por exemplo, já vêm repletas de notas explicativas”. Dentro da Musicologia, o regente escolheu pesquisar etnologia e, em etnologia, não fugiu de suas raízes latinas: decidiu escrever sobre o fandango, um ritmo presente no Norte e no Sul do Brasil. “Havia colegas falando sobre música africana, asiática. Nesse aspecto aprendi coisas interessantíssimas, como, por exemplo, a música da corte da China, numa performance que poderia começar às 8 horas da manhã e terminar às 20 horas, porque sua marcação de tempo, seu padrão de audição é totalmente diverso do Ocidental. Acabei falando sobre o fandango”. Além do grande centro de pesquisa musical em Colônia, intitulado Academia Brasil–Europa, dirigido pelo paulistano Antônio Bispo - que vive na Alemanha há mais de 20 anos e categorizado por Nazir como sumidade na área musical -, o pesquisador contou com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná. Tateando a idéia do sincretismo cultural e religioso, ele percorre as sonoridades espanholas e portuguesas e segue até a influência da música africana, como os cânticos aos orixás, para entender melhor as origens do fandango no Brasil. “No entanto, ao pesquisar sobre esse ritmo, vi que na verdade não descobri nada. Em toda a literatura européia e brasileira não há referências consistentes acerca de suas origens. Na verdade, por ser controverso e carecer de mais pesquisa, é um tema mesmo para doutorado. Com isso, acabei escrevendo um capítulo para um livro da Secretaria de Cultura do Estado do Paraná”. Pianista apaixonado, Nazir Bittar se diz absolutamente encantado pelo canto lírico, em especial aquele de divas como Maria Callas.

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