
A nova composição das Comissões Permanentes da Câmara de Campinas para o biênio 2025-2026 confirmou um cenário previsível: o domínio dos blocos partidários com maior representatividade, PL, Republicanos e PSB, sobre os espaços estratégicos do Legislativo. As legendas, que possuem cinco vereadores cada, garantiram 17 vagas por partido, consolidando uma base confortável para pautar os temas mais relevantes da Casa. A esquerda, representada por PT, PCdoB e PSOL, ficou com espaços reduzidos, reflexo da sua menor bancada.
- Clique aqui para fazer parte da comunidade da Sampi Campinas no WhatsApp e receber notícias em primeira mão.
Entre as principais comissões, Constituição e Legalidade, Finanças, Política Urbana e Segurança Pública ficaram sob o controle de nomes alinhados ao bloco governista e à centro-direita, garantindo margem para avanço de propostas sem grandes entraves. A surpresa – e motivo de protesto da oposição – veio na Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, que tradicionalmente é um posto de anseio ‘progressista’, mas passou para as mãos do vereador Carmo Luiz (PSB).
A perda da Comissão de Direitos Humanos gerou insatisfação entre os vereadores de oposição, mas, no jogo político, a decisão reflete a matemática da representatividade. A composição das comissões segue a lógica da proporcionalidade das bancadas, e o bloco governista tem a maioria. Se a esquerda tivesse mais cadeiras, faria o mesmo: garantir o domínio sobre comissões estratégicas, como Legalidade, Educação e Saúde, enquanto empurraria os adversários para outros espaços.
O exemplo mais evidente dessa dinâmica é a Comissão da Mulher, presidida por Mariana Conti (PSOL), e a de Legislação Participativa, com Guida Calixto (PT). São postos que, dentro do possível, a oposição conseguiu garantir, mas que não alteram o quadro geral de força no Legislativo.
A nova configuração das comissões evidencia um caminho previsível para os próximos dois anos: uma base governista com controle sobre os principais debates da Câmara e uma oposição limitada a espaços onde sua influência é menor. No xadrez político, o domínio das cadeiras segue a regra do jogo – e a esquerda, que já se beneficiou dessa lógica em outros tempos, enfrenta a realidade de ser minoria.
Dário contra Gratti
O prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), acionou a Justiça contra o ex-vereador Vinícius Gratti (PP), que recentemente publicou um vídeo nas redes sociais acusando sua campanha de ter utilizado recursos de caixa 2 na eleição de 2024. A Justiça intimou Gratti para que ele apresente explicações formais sobre as acusações.
No vídeo, que tem mais de seis minutos, Gratti alega que partidos da coligação de Dário receberam dinheiro em espécie, totalizando até R$ 800 mil para cada sigla, sem que os valores fossem contabilizados oficialmente. O ex-parlamentar também sugere que a reeleição do prefeito teria sido "comprada" e reitera críticas ao grupo político do ex-prefeito Jonas Donizette (PSB).
Apesar do tom contundente, Gratti não apresentou provas, até agora, que sustentem as acusações. O prefeito, por sua vez, reagiu acionando a Justiça, dando início a um embate que agora ganha novos ontornos. O caso segue sob análise do Judiciário e do Ministério Público que analisam o processo de difamação pedido por Dário.
- Flávio Paradella é jornalista, radialista e podcaster. Sua coluna é publicada no Portal Sampi Campinas aos sábados pela manhã, com atualizações às terças e quintas-feiras. E-mail para contato com o colunista: paradella@sampi.net.br.