Pronto-socorro Adulto
Principal porta de entrada para a rede pública, o Pronto-socorro “Dr. Álvaro Azzuz” abrigava cerca de 170 pessoas no salão de espera exatamente às 10h06. Havia cadeiras de plástico e bancos de cimento para todos se sentarem, o que não foi suficiente para evitar o desconforto. Os pacientes aguardavam, em média, de quatro a cinco horas para finalizar os procedimentos. Para atender ao público, sete médicos – sendo dois para urgência e cinco clínicos gerais – estavam escalados no quadro de funcionários do dia, fixado na recepção.

A auxiliar de e-commerce Isabela Antônio, de 22 anos, chegou ao pronto-socorro às 8h10. Com dores de cabeça e no corpo, além de febre durante a noite, os sintomas começaram às 23 horas de segunda-feira, 22. “Acredito que seja virose, no entanto, como está tendo essas crises de dengue, fiquei um pouco pensativa. Está tendo a questão da covid também. Então, preferi prevenir”.

A moradora do Jardim Vera Cruz afirmou que a unidade estava movimentada desde as primeiras horas do dia. Para ela, estava faltando profissionais para realizar o atendimento. “Questionei um segurança daqui e falei o horário que havia chegado. Ele falou que estava sendo atendido o pessoal que chegou às 6 horas ainda. Depois, seriam os das 7 horas, e depois os das 8 horas. Ele falou que, provavelmente, entre 13h30 e 14 horas eu seria atendida”.

UPA do Jardim Aeroporto
A estrutura da UPA do Jardim Aeroporto não foi suficiente para comportar as mais de 110 pessoas que aguardavam no salão de espera às 12h30. Os pacientes que não conseguiram se sentar por falta de cadeiras ficavam em pé ou se acomodavam como podiam ao lado de fora da unidade para esperar entre 3 e 4 horas por atendimento.

Uma mulher de 41 anos, que preferiu não se identificar, chegou à UPA às 9h15. Com dores no corpo e 41 graus de febre, foi obrigada a se deitar na calçada ensolarada. “Pessoal não dá explicação nenhuma pela demora. Recuso-me a vir. Só quando estou muito ruim, porque sei como funciona”.

A paciente perdeu o dia de trabalho e aguardava a chegada do marido para se deitar no carro, enquanto ele acompanharia a lista de chamada de quem seria atendido. Algumas pessoas não aguentaram a espera e foram embora. Muitas reclamações eram feitas.

Pronto-socorro Infantil
Os pais ou responsáveis que chegavam com os pequenos no Pronto-socorro “Dr. Magid Bachur Filho” na manhã desta terça-feira não encontravam grandes problemas para serem atendidos. Isso porque o tempo médio de espera era de 30 minutos.

Bruno Ferreira Patrocínio, de 18 anos, levou o primo Lucas, de apenas 5 anos, para se consultar. O garoto estava com febre e dores de garganta. “Com o meu primo, o atendimento foi bom e bem rápido. Deu atenção e já passou o remédio certinho”.

O cenário de aparente tranquilidade, porém, se transforma ao longo do dia. Francanos reclamam de lotação no PS Infantil a partir do fim da tarde e, principalmente, no período noturno. Fotos de pessoas esperando na calçada se tornaram comuns nos últimos dias nas redes sociais.

Prefeitura de Franca
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que as UPAs e prontos-socorros de Franca estão realizando, em média, 3,2 mil atendimentos por dia. No passado, o “comum” era realizar 2,5 mil – ou seja, houve crescimento de 28% na procura por serviços públicos em 2024.

A pasta afirma que as unidades de urgência e emergência do município têm capacidade para atender a todos os pacientes que necessitam de cuidados. “Há uma sazonalidade no tempo de espera, porém todos os pacientes são atendidos pelas equipes médicas e de enfermagem. A Prefeitura de Franca está realizando tratativas com o Governo do Estado para buscar alternativas de atendimento nos hospitais de Franca e região”.

Não foram atribuídas as razões pelo sufocamento da rede pública, mas a reportagem apurou com os pacientes que sintomas gripais e de dengue estão entre os principais responsáveis pelas infecções e, consequentemente, pela procura por atendimento. Apenas neste ano, a dengue já vitimou oito pessoas na cidade – todas elas com quadro de comorbidades –, por exemplo.

Ainda segundo a secretaria, 28 pessoas aguardavam em Franca a transferência para leitos de internação em hospitais públicos do Estado às 15h06 desta terça-feira, 23.