De acordo com o balanço, divulgado nesta semana, cresceu também o número de TAC’s (Termos de Ajuste de Conduta) em decorrência de adoecimento no trabalho. Foram 105, em 2022, e 141, em 2023, aumento percentual de 34,29% entre os anos.

Segundo o procurador do trabalho Mario Antônio Gomes, responsável pelo setor de segurança e saúde do órgão, os números se justificam por uma mudança na dinâmica do trabalho, que obedece a uma lógica de se produzir cada vez mais com menos. Isso, segundo ele, tem elevado a competição entre os trabalhadores e exigido um empenho cognitivo e físico maior, resultando em doenças e acidentes.

“São várias as causas que estão levando a isso, mas nós podemos citar a principal delas que é a organização do trabalho, que mudou para pior. A ideia de se produzir mais com menos tem feito com que os acidentes aconteçam com maior frequência. Hoje em dia o ritmo é maior, a intensificação é maior, a concorrência dos próprios trabalhadores é maior e isso destroi o coletivo do trabalho, o que é uma porta de entrada para prática de assédio moral. Há uma exigência física e cognitiva maior dos trabalhadores, visto que as empresas produzem cada vez mais produtos, sobrecarregam mais seus funcionários e visam economia”, diz.

Apesar do aumento de adversidades relacionadas à saúde, o número de ações ajuizadas nesta direção reduziu de 61, em 2022, para apenas 24 nos 12 meses do ano passado. A estatística revela que, apesar de estar adoecendo mais, o trabalhador procura cada vez menos a Justiça do Trabalho para recorrer a contrapartidas.

Além disso, os dados revelam que a região de Campinas liderou amplamente entre as demais sedes pertencentes ao MPT-15, responsável por 599 cidades do Estado de São Paulo. Enquanto Campinas ultrapassou as 1.300 denúncias, a segunda colocada, a Região de São José dos Campos, no Vale do Paraíba, teve 379 denúncias. O terceiro lugar é ocupado pela região de Ribeirão Preto.

Em abril, o órgão realiza uma campanha de conscientização para atenção com a saúde do trabalho. Batizado de "Abril Verde", o movimento visa esclarecer a sociedade sobre a importância da cultura de prevenção de doenças relacionadas ao trabalho e da notificação de casos para a criação de políticas públicas com foco na saúde do trabalhador e da trabalhadora.

Durante o mês, estão previstas diversas iniciativas sobre o tema, entre elas seminários, audiências e iluminação de prédios e monumentos públicos. Além disso, será divulgada campanha nas redes sociais da instituição.