BELA E EXÓTICA

Guardiãs noturnas: os desafios e encantos de ter uma coruja legalizada no Brasil

Por João Paulo Silva Bombo | joao.paulo@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 2 min
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Apesar do porte aparentemente pequeno, as corujas são exímias predadoras
Apesar do porte aparentemente pequeno, as corujas são exímias predadoras

No contexto da criação de aves rapinantes no Brasil, há uma série de nuances legais e práticas que os entusiastas e criadores precisam considerar. As corujas, reconhecidas por suas cabeças arredondadas, olhos grandes e penas macias, são animais delicados que pesam entre 60 gramas e um quilo. Apesar do porte aparentemente pequeno, são exímias predadoras, adaptando-se facilmente a ambientes com pouca iluminação e desempenhando voos noturnos, característica marcante dessa espécie.

No entanto, a decisão de ter uma coruja de estimação vai além da admiração por suas características visuais únicas. De acordo com Thiago Navarro Vilalta, médico veterinário especialista em animais silvestres e exóticos, a legalidade dessa prática é de extrema importância. É permitido ter uma coruja em casa no Brasil, contudo, a aquisição deve ser feita por meio de criadores credenciados pelo IBAMA. A autorização do Instituto é fundamental para evitar complicações legais e multas.

"Essas aves são adquiridas em criatórios comerciais especializados em rapinantes. Ao contrário de aves comuns, como papagaios, as rapinantes vêm equipadas com anilhas. O processo de reprodução dessas aves é notadamente mais demorado e complexo em comparação com espécies como os psitacídeos", comenta o veterinário.

Existem algumas espécies autorizadas para criação doméstica, tais como a Coruja suindara, Coruja orelhuda, Coruja buraqueira e Corujão-da-Virgínia. O interessado deve conferir as credenciais antes de adotar uma dessas aves.

A compra pode ser feita presencialmente ou online, com a entrega do animal em casa. No Brasil, existem apenas dois criatórios legalizados, localizados em Minas Gerais e Paraná, com custos variando de R$ 1.200 a R$ 10.000.

A alimentação das corujas envolve uma dieta carnívora, sendo comum a oferta de pintinhos ou camundongos pré-abatidos, adquiridos congelados. Os tutores precisam adquirir e estocar esses alimentos, mantendo-os congelados e retirando uma porção diariamente para oferecer às aves. Além disso, o ambiente em que essas aves são mantidas é especialmente projetado, incluindo o uso de braceletes feitos de couro, métodos de falcoaria que evitam o corte das asas.

"Um aspecto distintivo na criação dessas aves é o treinamento para o voo livre. Ao invés de cortar as asas, utiliza-se um método que condiciona a ave a retornar à mão do treinador, geralmente para se alimentar. Esse processo é necessário para estabelecer uma relação de confiança entre o criador e a ave rapinante".

Apesar de peculiar, a prática de criar corujas de estimação está se tornando mais comum, especialmente entre aqueles familiarizados com a criação de animais exóticos. "A jornada de cuidar dessas aves requer não apenas admiração por sua beleza singular, mas também um compromisso com as responsabilidades legais e de cuidado que envolvem a criação de aves tão especiais", conclui Thiago.

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