OPINIÃO

Banco Central mantém postura conservadora

Por Reinaldo Cafeo | O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil
| Tempo de leitura: 1 min

O Banco Central brasileiro, por meio do Comitê de Política Monetária (Copom), tem sinalizado de forma clara sua postura conservadora ao manter a taxa básica de juros em 15% ao ano. Essa decisão revela uma preocupação evidente com a meta central de inflação, fixada em 3%, e não apenas com o teto da banda, que é de 4,5%.

Em um cenário de política fiscal considerada frouxa por parte do governo federal, a autoridade monetária recorre à política de juros como instrumento para conter pressões inflacionárias e, ao mesmo tempo, preservar a atratividade dos títulos públicos.

A manutenção da Selic nesse patamar elevado cumpre dois objetivos: reforça o compromisso com a estabilidade de preços e garante um diferencial de juros favorável ao Brasil no contexto internacional. Com a recente redução de 0,25 ponto percentual nos Estados Unidos, o juro real brasileiro se torna ainda mais competitivo, o que tende a atrair capital estrangeiro, contribuir para a valorização do real e, por consequência, ajudar no controle da inflação via câmbio.

Por outro lado, essa estratégia tem efeitos colaterais relevantes. Juros elevados desestimulam o consumo das famílias e inibem investimentos produtivos, desacelerando a economia. Se, por um lado, o rentista comemora ganhos robustos na renda fixa, por outro, empresas e consumidores enfrentam um ambiente de crédito caro e restrito. Essa dicotomia reforça o dilema do Banco Central: equilibrar o combate à inflação com a necessidade de dinamizar a economia.

Enfim, a postura conservadora do Copom reflete não apenas a busca pela meta de inflação, mas também a preocupação com a credibilidade da política monetária em um contexto de incertezas fiscais. A pergunta que fica é: até quando será possível sustentar juros tão altos sem comprometer a atividade econômica?

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