ECONOMIA

Juros sobem, novamente, maior patamar em 20 anos


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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu manter o ciclo de alta da taxa básica de juros e elevou a Selic para 15% ao ano. Esse é o maior patamar em quase 20 anos - em julho de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a taxa Selic estava em 15,25% ao ano. A decisão foi por unanimidade. Ou seja, todos os diretores do Copom e o presidente, Gabriel Galípolo, votaram no mesmo sentido.

Justificativas do COPOM

O Copom justificou que as incertezas na economia dos Estados Unidos exigem cautela nos países emergentes, como o Brasil. "O ambiente externo mantém-se adverso e particularmente incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos. Além disso, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos também têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes em ambiente de acirramento da tensão geopolítica", escreveu o Copom.

Juros devem ser mantidos nos próximos meses

O Banco Central diz ainda que, se o cenário não mudar, deve interromper a alta dos juros na próxima reunião. "Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em prosseguir no ciclo de ajuste caso julgue apropriado", continuou o Copom. O mercado financeiro se dividia sobre o rumo dos juros após essa reunião do Copom.

Brasil tem a segunda maior taxa real de juros do mundo

O Brasil passou a ter o segundo maior juro real do mundo após a nova alta da taxa básica de juros do país. O juro real é formado, entre outros pontos, pela taxa de juros nominal descontada a inflação prevista para os próximos 12 meses. Assim, os juros reais do país ficaram em 9,53%. A primeira colocação do ranking continuou com a Turquia, que registrou uma taxa real de 14,44%. Em terceiro, está a Rússia, com juros reais a 7,63%.

Impacto no seu dia a dia

Para quem tem sobras de recursos, aplicações em renda fixa, como CDBs, Fundos de Renda Fixa, Títulos Públicos, entre outros, passarão a render mais. O CDI, juros entre bancos, subiu para 14,65% ao ano. Na outra ponta, para quem precisa de empréstimos, as taxas ficarão mais elevadas. Tendem a ter menor impacto os empréstimos e financiamentos que tenham garantias: financiamentos de veículos, crédito consignado, financiamentos imobiliários, penhor de joias e demais empréstimos com garantia real.

Nos Estados Unidos a taxa foi mantida

O Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros do país inalteradas na faixa de 4,25% a 4,50% ao ano, apesar da pressão de Donald Trump por cortes. A decisão unânime veio em linha com as expectativas do mercado. Essa foi a quarta reunião seguida em que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) optou por não alterar o referencial de juros. Em maio, o colegiado destacou a perspectiva econômica "incerta" e a atenção a riscos ao justificar sua posição. O comitê reafirmou que as incertezas em torno das perspectivas econômicas seguem elevadas, mas ponderou que elas diminuíram em relação à última reunião. A postura cautelosa do Fed reflete, principalmente, a política tarifária do presidente Donald Trump.

Juros altos aqui, juros mantidos nos EUA, impacto no câmbio

Se não fossem as incertezas com as tarifas americanas e o com os conflitos, notadamente entre Israel e Irã (impacto direto no preço do petróleo), a alta dos juros aqui e a manutenção dos juros nos Estados Unidos, tenderiam a derrubar a cotação do dólar, isso porque, o diferencial de juros atrairia o capital estrangeiro, ampliando a oferta da moeda estrangeira, derrubando a cotação. É preciso aguardar para ver o comportamento dos investidores: apostam no diferencial de juros ou se mantém cautelosos diante do cenário de incertezas com os conflitos existentes.

Brasil se declara livre da gripe aviária

O Brasil se declarou livre de gripe após ficar 28 dias sem registrar novos casos em granjas, informou o Ministério da Agricultura. O prazo começou a ser contado em 22 de maio, depois do fim da desinfecção da granja de Montenegro (RS), onde houve o primeiro e único foco da doença em aves comerciais no Brasil, em maio. O governo comunicou o novo status à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e está notificando os países que compram frango brasileiro. Agora, o governo espera que os compradores retirem os bloqueios ou reduzam a área restrita. Mas isso não deve acontecer de forma imediata. Horas depois de oficializar que o Brasil estava livre da gripe aviária, o Ministério da Agricultura divulgou que a África do Sul reduziu a área de embargo, que antes era para todo o país, e agora se limita ao Rio Grande do Sul.

Mude já, mude para melhor!

"O castigo do mentiroso é que ele não é acreditado quando fala a verdade." - Aristóteles. Sempre é tempo para mudar. Mude já, mude para melhor!

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