CEI DO FUNDO SOCIAL

Lúcia minimiza prestação de conta e diz que confiou em servidores

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Pedro Romualdo/Câmara de Bauru
A secretária Lúcia Rosim, mãe da prefeita Suéllen, durante depoimento à CEI nesta quinta-feira (18)
A secretária Lúcia Rosim, mãe da prefeita Suéllen, durante depoimento à CEI nesta quinta-feira (18)

A secretária de Assistência Social de Bauru, Lúcia Rosim, disse nesta quarta-feira (18) em depoimento à Comissão Especial de Inquérito (CEI) que apura supostos desvios do Fundo Social, do qual foi presidente, que sempre confiou na boa conduta de seus subordinados.

Ela admitiu que nunca enviou à Câmara prestação de contas do órgão que dirigiu, mas sugeriu que a medida, obrigatória segundo o regimento interno da instituição, nunca ocorreu de fato.  

Primeira a depor na reunião desta quarta, ela se sentou ao plenário ao lado do advogado Jeferson Machado, que defende ela e familiares.

Ao relator, vereador André Maldonado (PP), Lúcia disse que a responsabilidade por questões administrativas – a exemplo do registro de entrada e saída de itens – era dos servidores do órgão e que seu papel enquanto presidente mirava aspectos institucionais.

Ao menos no período em que presidiu, afirmou, “tudo o que estava no papel”, numa menção ao controle simplificado de gestão patrimonial, “batia”. “Achava que estava tudo certo”, comentou.

O regimento interno do Fundo Social atribui à presidente a tarefa de “encaminhar à Câmara Municipal, no primeiro trimestre de cada ano, prestação de contas das verbas empregadas”. Lúcia admitiu nunca ter enviado as informações ao Legislativo – mas minimizou o problema ao dizer que nenhum outro dirigente do órgão cumpriu a determinação.

A secretária não foi questionada pelo relator Maldonado e por nenhum outro membro da CEI a respeito das conversas exibidas por Damaris Pavan, autora das denúncias sobre os supostos desvios, em que indica o endereço da igreja Mipe, comandada por sua família, para descarregar objetos que Damaris afirmou pertencerem ao Fundo – fato até agora pendente de comprovação.

Foi indagada nesse sentido por vereadores de oposição que acompanhavam a reunião e afirmou que não se lembra do contexto das mensagens. Salientou, contudo, que Damaris Pavan era próxima da família e sempre se propunha a ajudar – inclusive na própria igreja.

Lúcia também afirmou que sua irmã, Márcia Maria da Silva, chegou a ajudar nos trabalhos do Fundo Social. Mas nunca para interesses escusos.

Ela disse ainda não se lembrar se encaminhou ou não denúncia à Corregedoria contra a ex-presidente do Fundo Social Lázara Gazzetta, esposa do ex-prefeito Gazzetta, denunciando justamente a falta de controle nos itens recebidos e doados pelo órgão.

A secretária também chegou a ser questionada sobre as denúncias de “caixa dois” [gastos ou receitas não declaradas à Justiça Eleitoral] durante as eleições de 2022, quando se candidatou a deputada estadual. Disse não se lembrar de nomes de pessoas que atuaram na campanha, mas o debate nesse sentido durou pouco: o advogado Jeferson Machado e o próprio presidente da CEI afirmaram que o caso não guarda relação com o objeto da Comissão de Inquérito.

A segunda oitiva foi do presidente da Cohab, Everton Basílio, secretário de Finanças de Bauru na época das denúncias apuradas pela CEI. Seu depoimento foi solicitado porque foi ele quem retirou valores em espécie doados pela Polícia Civil ao Fundo Social.

O relatório final do inquérito da Polícia Civil sobre o caso não menciona essas retiradas ou dos depósitos feitos em conta do Fundo Social.

Basílio, porém, apresentou os documentos relacionados aos depósitos em conta corrente do órgão, que de fato ocorreram no mesmo dia das doações.

Brener Fauster da Silva, Elísio da Cruz e Adelson Capellini, servidores da administração e últimos a prestar depoimento, negaram qualquer conhecimento sobre irregularidades no Fundo Social.

Todos afirmaram que apenas colaboravam com o órgão em carregamentos e descarregamentos de doações, sem controle sobre os itens. Disseram nunca ter transportado bens para pessoas específicas, como Márcia Maria da Silva ou familiares da então presidente do Fundo, e confirmaram que os monitores de TV citados foram instalados na própria Prefeitura.

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