
Mais da metade dos moradores de Bauru vive em vias sem bueiro ou boca de lobo e com calçadas com algum tipo de obstáculo que prejudica a mobilidade da população. A informação consta no "Censo Demográfico 2022: Características Urbanísticas do Entorno dos Domicílios", divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Com histórico de alagamentos que já causaram transtornos, prejuízos econômicos, danos ao patrimônio público e privado e até mortes em diferentes pontos da cidade, Bauru abriga 195.280 pessoas em locais onde a estrutura viária não conta com bueiro ou boca de lobo, o correspondente a 53,39% dos residentes em áreas com características urbanas. Vale ressaltar que parte deste contingente está em bairros mais antigos, criados sob uma legislação que não exigia infraestrutura de drenagem.
Tanto é que, até 2010, 69,27% da população ainda não contava com este tipo de dispositivo nas ruas em que moravam. Porém, até agora, o investimento em drenagem em áreas consideradas críticas desafia o poder público que, ao longo das últimas décadas, não conseguiu tirar do papel uma obra considerada prioritária: as intervenções que previnam as inundações na avenida Nações Unidas.
"Bueiros e bocas de lobo são componentes importantes da infraestrutura urbana, que desempenham funções como a drenagem de águas pluviais à medida que coletam a água da chuva das ruas e calçadas, evitando alagamentos e acúmulo de água que podem causar danos à infraestrutura e propriedades", reforça Filipe Borsani, analista da divulgação.
O estudo do IBGE também mostra que 57,5% dos bauruenses moram em vias cujas calçadas possuem obstáculos, tais como árvores, postes e lixeiras mal posicionadas ou até mesmo buracos ou concreto quebrado ou deslocado por raízes. O quesito é novo no Censo Demográfico e considerado um problema de acessibilidade que pode afetar a mobilidade das pessoas, especialmente aquelas com dificuldades de locomoção.
RUAS
Durante a realização do levantamento, 210.331 indivíduos em Bauru residiam em locais com calçadas nestas condições. Um número ainda maior, de 256.285 moradores, vivia em vias sem rampas de acessibilidade, o equivalente a 70,07% dos residentes em áreas com características urbanas no município. Em 2010, porém, o índice era de 97,3%.
O volume de bauruenses vivendo em ruas com calçamento também aumentou em 12 anos. De acordo com o IBGE, o índice avançou de 81,04% para 95,05%, totalizando 347.643 moradores beneficiados com este tipo de estrutura atualmente. A quantidade é próxima à dos 350.206 contemplados (95,75%) com vias pavimentadas. Apesar de ter sido investigado em 2010, este último critério sofreu alterações em 2022 e, por isso, não é possível a comparabilidade.
O estudo também mostra um pequeno avanço no contingente de moradores atendidos por iluminação pública, de 98,35% para 99,02%. Os dados da pesquisa ainda revelam que, em Bauru, há 25.694 moradores (7,02%) residindo em vias sem arborização, enquanto 340.039 (92,96%) vivem em vias com presença de árvores, sendo 53,71% com cinco ou mais exemplares.
"A arborização urbana é essencial para a qualidade de vida nas cidades. Ela contribui para o bem-estar dos habitantes, oferecendo diversos benefícios ambientais, sociais e econômicos. A redução da temperatura é uma consequência importante, diminuindo a incidência de ilhas de calor ao longo do tecido urbano. Ao integrar os resultados da pesquisa urbanística com práticas de arborização, os municípios podem criar ambientes urbanos mais sustentáveis e agradáveis, melhorando a qualidade de vida de seus habitantes", completa o analista do IBGE Maikon Novaes.
A Prefeitura de Bauru foi contatada para comentar os resultados, mas não se posicionou até o fechamento desta edição.