
Pioneira no modelo de agilização de setores da gestão pública que atendem ao público pelo chamado Poupatempo, lançado em 2006, Bauru se tornou referência no Estado de São Paulo e levou o molde para outros municípios, justamente em razão da melhoria na qualidade do serviço. Em 2025, porém, a eficiência e velocidade do atendimento caíram e o trabalho se tornou alvo de críticas dos munícipes, segundo denunciou o vereador Arnaldo Ribeiro (Avante) em sessão da Câmara Municipal no início de abril. Além das reclamações, o local foi alvo de denúncia do Sindicato Servidores Públicos Municipais Bauru Região (Sinserm) por oferecer condições de trabalho insalubres.
Ezequiel Paulino, 64 anos, é usuário do Poupatempo, mas alega que tem evitado ao máximo usar os serviços da unidade. Isso porque o local passou a levar muito tempo para solucionar problemas simples nos últimos três anos, afirma. Na última ocasião, por exemplo, ele aguardou por horas para resolver uma questão relacionada ao IPTU.
A reportagem visitou o Poupatempo no dia 11 de abril e conversou com um munícipe que compartilhava do mesmo problema. O idoso, que preferiu não se identificar, informou que aguardava havia mais de uma hora para emitir um documento também sobre o IPTU.
Uma ex-funcionária da unidade que trabalhou no Poupatempo por seis anos narra ter sentido uma piora no atendimento, agora que é usuária do serviço. Ela critica, principalmente, o sistema de agendamento digital.
"Mesmo com hora marcada, há casos de espera superior a 40 minutos. Você chega no horário, com 15 minutos de antecedência, e ainda encontra dez pessoas na sua frente", diz.
Insalubridade
Em janeiro deste ano, enquanto uma onda de calor atingia Bauru, as temperaturas do ambiente interno do prédio localizado na Rua inconfidência (Centro) atingiram os 30.7 graus celsius — a Norma Regulamentadora número 15 considera insalubre o ambiente de trabalho cuja temperatura seja superior a 27.5º C. O problema ocorreu após uma falha no ar-condicionado. Na época, duas pessoas apresentaram mal-estar e sofreram queda de pressão.
O problema até agora não foi resolvido. A Empresa de informática do Governo do Estado de São Paulo (Prodesp) — responsável pelo Poupatempo — informou que o equipamento está funcionando parcialmente. "Isso se deve a um problema técnico, mas a empresa responsável já está trabalhando para restabelecer a capacidade total, garantindo o conforto de usuários e colaboradores", informa.
O motivo
Na avaliação de Arnaldinho, a piora ocorreu por conta da eliminação do setor de qualidade do órgão público. Esse controle seria responsável por avaliar a equipe e realizar treinamentos constantes com os novos sistemas e mudanças nas legislações que influenciam nos serviços.
O vereador Arnaldinho Ribeiro (Foto: Divulgação)
Além disso, o vereador aponta para uma queda no número de atendentes, o que sobrecarrega os funcionários existentes e aumenta o tempo de espera.
A Prodesp, porém, afirma que não houve mudanças no atendimento ou na fiscalização da unidade de Bauru. "As atividades seguem normalmente, com gestão contratual ativa e desempenho monitorado. Com média de 20 mil atendimentos mensais, a unidade tem 96% de aprovação dos usuários, refletindo a satisfação da população e o compromisso com a qualidade no serviço público. O tempo médio de espera é de 8 minutos, dentro da média estadual, e não há queda de produtividade", informa a entidade. Arnaldo também relata ter recebido apoio por suas falas no plenário.
Após os contatos e a repercussão das falas do vereador, a Prodesp realizou uma fiscalização no Poupatempo de Bauru nesta terça (15). De acordo com o órgão, o trabalho é de rotina e não tem relação com os apontamentos feitos pelo vereador.