CRESCIMENTO

Futebol feminino do Sesi-SP já soma mais de 1.500 praticantes

da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Karim Kahn
Projeto da modalidade do Sesi-SP segue em constante crescimento
Projeto da modalidade do Sesi-SP segue em constante crescimento

Seja na liderança de uma equipe, na condução de um veículo ou na cura de um paciente, as mulheres cada vez mais se destacam em espaços antes predominantemente masculinos. E no futebol feminino não é diferente. Nos últimos tempos, o esporte vem ganhando visibilidade e crescimento com as competições, a popularização das equipes femininas e a cobertura da mídia.

No Sesi-SP, a modalidade vai completar dois anos e a coordenadora de desenvolvimento esportivo, Mirella de Sena Cagliari, conta que a busca por novas alunas tem sido contínua. "Em 2024, o aumento foi 26% nos atendimentos em relação a 2023, o que demonstra interesse e engajamento das meninas nas nossas atividades", afirma. Prova disso é que, neste mês, o futebol feminino vai ganhar mais dois novos polos de atendimento: em Diadema e Mogi Guaçu.

Com isso, a modalidade estará disponível, de forma gratuita, em 15 cidades* do interior, litoral e região metropolitana de São Paulo. No total, são 1.562 alunas e atletas, de 6 a 15 anos, distribuídas entre os níveis de participação e aperfeiçoamento, do Programa Sesi Esporte. Além disso, a equipe já conquistou o título no 1° Torneio Paulista Feminino S-14 Série Prata, em 2024, oferecido pela Federação Paulista de Futebol (FPF).

AMBIENTE SEGURO

Enquanto algumas meninas desejam se aperfeiçoar no futebol aqui, outras querem fazer gol fora do país. É o caso de Nicole Bagatin Oliveira, de 14 anos, atleta do sub-15 do polo de Osasco (SP). "Meu sonho sempre foi cursar medicina em outro país. Acredito que, com o futebol, tenho mais chances de ingressar em uma universidade, pois posso conquistar uma bolsa por meio do esporte", diz.

Já a atleta Manuela Avelar Coitinho, de 14 anos, também de Osasco e integrante da mesma categoria, almeja no futuro representar o Sesi nas competições. Ela se sente privilegiada em poder praticar futebol. "Jogo desde pequena e amo muito esse esporte. Acho que as mulheres que jogam futebol são corajosas e incríveis, pois muitas vezes enfrentam preconceitos", declara.

A coordenadora Mirella de Sena Cagliari concorda e conta que, mesmo com o crescimento e o interesse no esporte, o futebol feminino ainda não e a primeira escolha das famílias e das meninas. "Por isso, nosso objetivo é promover a modalidade, mostrar as vantagens e incentivar a participação, além de criar um ambiente seguro, acolhedor e motivador, para que elas possam se desenvolver como atletas e pessoas", diz.

CENÁRIO

Apesar das transformações sociais e as atuais discussões sobre gênero, ainda persiste o estereótipo de que o futebol é um esporte exclusivo para homens. Segundo Mirella, essa percepção se estende a todos os níveis do esporte. "Ainda enfrentamos a falta de mulheres em cargos de gestão e em posições de liderança, tanto à frente de equipes quanto de instituições. Essa lacuna reflete os desafios contínuos na luta pela igualdade de gênero", completa.

Essas barreiras estão sendo quebradas no Sesi-SP, que tem uma equipe interdisciplinar composta por 78% de mulheres. São 18 profissionais, entre eles 13 treinadoras e uma coordenadora de desenvolvimento esportivo, que atuam de forma integrada e colaborativa nas decisões, para oferecer um atendimento mais abrangente e eficaz às atletas.

NOVOS POLOS

Durante quatro décadas, as brasileiras não puderam jogar futebol, pois um decreto de 1941 vetava a prática de esportes que não fossem "adequados à natureza feminina". Se no passado elas eram proibidas, hoje querem sair do banco e ocupar os campos.

Para isso, o Programa Sesi Esporte, em parceria com o Ministério do Esporte, assinou um termo de cooperação, em 2023, a fim de criar núcleos de futebol feminino e ensinar à pratica gratuitamente, além de levar a candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino em 2027.

Os objetivos do programa são aprimorar as habilidades esportivas, identificar talentos e proporcionar às atletas de destaque a competir profissionalmente em federações. Além disso, busca democratizar o acesso às mulheres e garantir espaços seguros para o desenvolvimento na modalidade.

*Cidades onde a modalidade é praticada: Osasco, Rio Claro, Mauá, Campinas, Diadema, Itu, Jaú, Limeira, Marília, Matão, Mogi Guaçu, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto e Tatuí.

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