
O deputado federal João Cury (MDB) costura uma espécie de "dobradinha" para as eleições de 2026 ao lado do empresário Rodrigo Mandaliti, presidente do MDB de Bauru. Os dois devem manifestar apoio mútuo às suas respectivas candidaturas.
Cury, ex-prefeito de Botucatu que provavelmente buscará a reeleição à Câmara dos Deputados, já fala em endossar a pré-candidatura de Mandaliti à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). E vice-versa.
A movimentação foi oficializada na última segunda-feira (17), durante agenda do parlamentar ao lado de Rodrigo em Bauru. Ambos concederam entrevista ao JC/JCNET no Café com Política. Prefeitos do MDB de toda a região também acompanharam a conversa. Assim como o fizeram vereadores emedebistas em Bauru.
"Ao nosso ver, [Mandaliti] é um dos mais preparados pré-candidatos a deputado estadual", afirmou o deputado federal, rasgando elogios ao empresário.
"A pré-candidatura é uma decisão da Executiva Nacional do MDB. [Rodrigo] não é um candidato de si mesmo e nem um candidato de meia dúzia. Ele reúne hoje as condições para nos representar em toda a região na esfera legislativa", acrescentou.
Político veterano, João Cury lamenta que Bauru não tenha eleito um representante sequer em São Paulo ou em Brasília e diz que o impacto disso sobre a cidade é evidente.
"Basta a gente ver que as grandes conquistas da cidade junto aos governos estadual ou federal se deram no momento que Bauru tinha representação. Eu fui do PSDB e acompanhei de perto o trabalho do deputado Pedro Tobias, que para mim foi um divisor de águas para Bauru", cita.
"O aeroporto de Bauru é fruto do quê? De representação política. Esse aeroporto talvez não estivesse nas condições como se encontra se tivéssemos um deputado", emenda. A Faculdade de Medicina da USP em Bauru - antes apenas o curso de medicina - também advém de articulação política, sustenta Cury.
Para ele, Bauru deve retomar o protagonismo regional que sempre encampou - mas que acabou perdendo nos últimos anos pela ausência de um representante no Congresso e na Assembleia.
Mandaliti, que já ensaiou candidaturas em outras eleições, diz que a decisão agora está tomada - com aval inclusive da própria família, o lado mais difícil de convencer.
"Eu sempre ameacei [me candidatar]. Mas não levei adiante em função dos meus negócios. Somente em Bauru a gente gera quase 5 mil empregos diretos. Isso envolvia um desafio, mas a gente está hoje em uma transição dentro da empresa. Sendo eleito, tenho que me afastar das atividades empresariais e não há problema nenhum nisso", aponta.
Segundo ele, a relação com Cury se dá pela carreira do deputado federal. "João foi secretário estadual de Educação, foi presidente da Cohab em São Paulo, foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação", afirma Mandaliti, devolvendo a rodada de elogios que recebeu do colega. "Tenho de estar atrelado a pessoas mais competentes e melhores do que eu. Tenho no João um grande exemplo", observou.
Para o empresário, caberá aos partidos também fazer o dever de casa para evitar a pulverização de candidatos nas próximas eleições - incluindo o MDB, do qual é presidente. Isso não significa, diz Mandaliti, negar candidatura àqueles que desejam entrar na disputa. E sim trabalhar conjuntamente em torno de poucos nomes eleitoralmente viáveis.
"Bauru é o grande funcionário de toda essa região. Então nós temos que ser os grandes responsáveis também pelo desenvolvimento regional", pontua.