ABANDONO MILIONÁRIO

CBAT promete buscar apoio para reformar o Milagrão em Bauru

Por Bruno Freitas | da Redação
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Bruno Freitas
O presidente da CBAT, Wlamir Motta Campos, e o secretário da Semel, Roger Barude
O presidente da CBAT, Wlamir Motta Campos, e o secretário da Semel, Roger Barude

O que até poucos dias atrás era "só por um milagre", uma eventual revitalização da pista do Estádio Antônio Milagre Filho, o popular Milagrão, abandonado pelo Poder Público de Bauru há três gestões, pode ganhar uma importante parceria da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAT). O presidente da entidade, Wlamir Motta Campos, vistoriou o local na última quarta-feira (12) e ficou negativamente impactado pelas condições em que se encontra após anos de abandono. Ele veio ao município a pedido da comunidade atlética bauruense e do treinador de atletismo da ABDA, Neto Gonçalves. O titular da Semel, o secretário Roger Barude, acompanhou a visita.

"É a primeira vez que um presidente de Confederação Olímpica vem a Bauru. E o que a gente vê é algo que nos impressiona negativamente. Bauru tem uma história no atletismo, com a ABDA e com atleta olímpico (Danielzinho na Maratona de Tóquio-2020). São todos semeadores em Bauru, com potencial atlético gigante, mas não temos um bom terreno para isso aqui", comentou Wlamir.

Ele destacou que é inadmissível que uma pista como essa tenha sido construída e não tenha recebido a devida manutenção. "A CBAT vai somar esforços com a Prefeitura de Bauru para viabilizar um projeto para restauração desse estádio de atletismo e da pista (400 metros), onde se faz necessária a substituição de todo esse piso sintético. Vamos buscar parcerias com a iniciativa privada de Bauru. E aproveito para pedir aos empresários bauruenses que colaborem", acrescentou o presidente da confederação.

Wlamir reconhece que se trata de uma obra grande e cara, mas que representa um investimento na cidade. "O que aconteceu aqui foi a falta de estrutura no entorno. E isso me impactou muito: ver vídeos de carros sobre ela e de animais pastando. Antes de se pensar em fazer essa nova pista, é necessário organizar o entorno, cercar o local e ter um guardião aqui", complementou ele, com o desejo de trazer a Bauru grandes competições de atletismo para movimentar o município.

Roger Barude validou a importância da visita e disse que a Semel precisa desse apoio. "A pista está danificada por vários motivos, principalmente por falta de manutenção e vandalismo", pontuou o atual secretário. O seu antecessor, no entanto, Alexandre Zwicker, disse ao JC no ano passado, por meio da assessoria de imprensa da prefeitura, que o problema era do "sol e da chuva", e não da falta de manutenção.

População

Durante a visita, havia alguns moradores do bairro que faziam caminhada pelo local. Em conversa com eles, o sentimento ouvido pelo JC é o mesmo: a empolgação do lançamento em 2012 deu lugar à tristeza de ver um espaço com tamanho potencial em situação de extremo abandono.

Desperdício milionário

Conforme o JC vem noticiando, o que era para ser um Centro de Atletismo de alto rendimento e referência nacional, está completamente abandonado e deteriorado. Há no local um "esqueleto de concreto" não finalizado e a pista de corrida, que custou R$ 4,5 milhões em 2012, palco, inclusive, de dois Jogos Abertos do Interior, se deteriorou completamente sem a mínima manutenção regular nos últimos 6 anos. A pista solapou, formou bolhas está inutilizável.

O valor da modernização deste espaço esportivo, situado na quadra 9 da avenida Waldemar Guimarães Ferreira, entre o Jardim Prudência e o Nova Esperança, região Noroeste, estava em contrato da prefeitura no valor de R$ 2.209.710,11, sendo R$ 1.805.000,00 de um repasse federal do convênio entre a prefeitura e o Ministério do Esporte. Isso em 2019. E ainda houve a divulgação de uma contrapartida do município de R$ 404.710,11.

Compreende este projeto a modernização das arquibancadas, posto de apoio e prédio com vestiários e sala de fisioterapia. No entanto, agora precisa entrar nesta conta a construção de uma nova pista, porque os R$ 4,5 milhões da época não podem ser mais recuperados, assumiu a Semel em 2024.

A prefeitura também precisa discutir com a Caixa a situação do convênio com o governo federal, que foi assinado há vários anos.

Parada desde 2019

Depois da entrega da pista em 2012, no final de 2019 começaram as obras que objetivavam a modernização do complexo. A entrega original era para ter sido feita em março de 2020. Isso não aconteceu. No início de 2021, o contrato das reformas foi rompido unilateralmente pela prefeitura. Conforme publicação no Diário Oficial à época, a administração notificou a empresa terceirizada pelo não cumprimento da execução do serviço que originalmente era para ter sido finalizada em março de 2020. Houve, então, uma prorrogação para abril de 2021, mas a construção ficou paralisada com 31,4% de obras executadas. A prefeitura aplicou à época uma multa proporcional ao contrato da terceirizada, no valor de R$ 372.453,35. A empresa ainda ficaria impedida de participar de novas licitações do município.

A prefeitura e a terceirizada divergiram, no final de 2019, por conta do tipo de estaca que deveria ser usada na fundação, porque o solo deste local pede o modelo que está no edital, explicou na época a Secretaria de Obras. Houve ainda um pedido de aditivo de verba feito pela construtora, mas a alteração foi negada pelo município. A Secretaria de Obras e a Semel aguardaram pela retomada dos trabalhos em 2021, o que não foi feito, segundo as pastas, à época.

Os amigos Gilmar Maurício, o Dil, 62 anos, Adenilson Richard Monteiro, o Neno, 59 anos, e Davi Momesso, 56 anos, lamentam a situação atual da pista (Foto: Bruno Freitas)
Os amigos Gilmar Maurício, o Dil, 62 anos, Adenilson Richard Monteiro, o Neno, 59 anos, e Davi Momesso, 56 anos, lamentam a situação atual da pista (Foto: Bruno Freitas)
Piso estragou por falta de cuidados da prefeitura (Foto: Bruno Freitas)
Piso estragou por falta de cuidados da prefeitura (Foto: Bruno Freitas)

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