OPINIÃO

Proibir ou Educar? O celular nas escolas, empresas e o futuro

Por José Marta Filho | O autor é prof. dr. aposentado na Unesp, IMFea – Instituto Marta Filho de engenharia e avaliações - jose@martafilho.com.br
| Tempo de leitura: 3 min

Já pensou como seria a vida sem o celular? Pois é, parece que tem gente querendo nos fazer lembrar. Com a nova lei que proíbe o uso de celulares nas escolas públicas e privadas, o debate tá pegando fogo. Será que essa é mesmo uma boa ideia ou só mais uma polêmica legislativa? Segundo os defensores da lei, o ponto principal é que o celular virou um baita vilão na sala de aula. Menos foco, mais distração, e ainda tem a galera que não perde a chance de transformar o professor em meme. Mas, na visão dos alunos, o celular também é ferramenta de estudo. Tá difícil entender a Revolução Francesa? Bora pro YouTube. Precisa de um resumo de "Dom Casmurro"? Tem aplicativo pra isso. E agora, com a proibição, como vai ser? Vamos voltar ao pombo-correio pra trocar informações?

Se parece exagero proibir o celular na escola, olha só um paralelo: nas empresas, o uso de celulares também é controlado. Tem lugares que permitem, desde que seja para fins relacionados ao trabalho, como consultas rápidas ou comunicação com equipes. Em outras, o uso é restrito porque acreditam que atrapalha a produtividade. Mas, mesmo quando proibido, todo mundo sabe que dá pra dar aquela escapadinha no WhatsApp ou conferir o Instagram rapidinho. O curioso é que muitas empresas perceberam que o problema não é o celular em si, mas a falta de equilíbrio.

Hoje, cada vez mais corporações investem em políticas de uso consciente, porque entenderam que, se bem usado, o celular pode até aumentar a produtividade, facilitando reuniões, pesquisas ou gestão de tarefas. Esse paralelo ajuda a refletir sobre as escolas: proibir o celular talvez seja como as antigas empresas que tentavam ignorar a realidade digital. Será que a saída não seria preparar os alunos para saber usar a tecnologia com responsabilidade, como as empresas estão fazendo com seus funcionários?

Até porque, no mundo lá fora, o celular é indispensável. Imagina um médico consultando um aplicativo pra conferir uma dosagem de medicamento, ou um engenheiro usando um software no celular pra checar um cálculo. Banir o celular não resolve o problema, só o esconde por um tempo. Tem também as lições do passado: as calculadoras científicas, por exemplo, foram rejeitadas no início - imaginem formar um engenheiro que não sabe nem tabuada, diziam os mais conservadores -, mas hoje são indispensáveis em cursos como Engenharia. O mesmo vale para histórias curiosas, como a do professor que expulsou um aluno, que ao consultar o Google, o corrigiu por usar o Código Civil desatualizado ou aquele que cujo resultado foi contestado por um aluno que executava o mesmo cálculo numa calculadora programável.

Esses casos mostram que, com o tempo, as ferramentas tecnológicas encontram seu lugar. E enquanto no Brasil ainda debatemos proibir ou não o celular, em outros países o celular é usado como aliado em atividades interativas e pesquisas. Mesmo em países que proibiram o uso no ensino médio, há exceções para situações pedagógicas. Ou seja, a chave está no equilíbrio, não na exclusão. Proibir o celular na escola pode até parecer uma solução rápida, mas talvez o mais inteligente seja ensinar os alunos a usá-lo de forma produtiva, como muitas empresas já fazem com seus funcionários. Afinal, o celular não é o problema.

O desafio é aprender a lidar com ele. Então, bora usar a tecnologia com sabedoria — seja na escola, no trabalho ou até pra ver um vídeo de vez em quando. E se quiser comentar, manda no bilhetinho de papel, ou um e-mail de sua casa porque celular na Escola agora está fora de questão!

Mas... no fim das contas, o futuro continuará a ser digital, e aprender a usar a tecnologia com responsabilidade não é só uma escolha — é uma necessidade para sobreviver e prosperar no mundo de amanhã.

O autor é prof. dr. aposentado na Unesp,  IMFea – Instituto Marta Filho de engenharia  e avaliações - jose@martafilho.com.br

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