ALERTA

Risco para bebês: Bauru teve alta de casos de coqueluche em 2024

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 3 min
Desenho esquemático mostra onde a doença se desenvolve
Desenho esquemático mostra onde a doença se desenvolve

Em meio ao aumento de surtos de coqueluche no mundo, Bauru registrou cinco casos da doença em 2024, após permanecer por quatro anos com registros zerados. Trata-se do maior número de notificações deste tipo de infecção respiratória em seis anos, visto que, em 2018, foram nove casos e, em 2019, um.

O último grande pico da doença na cidade, acompanhando o cenário de repercussão nacional, foi em 2014, quando também foram registradas as últimas mortes. Na ocasião, das 30 pessoas diagnosticadas com coqueluche na cidade, duas morreram. Eram dois bebês do sexo masculino com menos de um ano de vida, segundo o Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus).

Os sintomas iniciais da doença são parecidos com um resfriado comum, com febre baixa, mal-estar geral, coriza e tosse seca. Gradualmente, porém, a tosse torna-se mais intensa e prolongada (a chamada 'tosse comprida'), podendo causar vômito e dificuldade para respirar. Justamente por isso, crianças menores de um ano são mais propensas a manifestar formas graves, que podem evoluir para pneumonia, parada respiratória, convulsões e desidratação.

Dos cinco casos registrados em Bauru em 2024, três eram bebês com menos de um ano (um menino de quatro meses e duas meninas de cinco e sete meses) e dois tinham entre um e quatro anos. Nos últimos 15 anos, 105 pessoas foram diagnosticadas com a doença na cidade, sendo que 72 (68,6%) tinham menos de um ano e dez de um a quatro anos. No período, além das duas mortes em 2014, uma outra, também de um menino com menos de um ano de vida, ocorreu em 2011.

Riscos

Além de convulsões, coqueluche pode resultar em outras complicações graves, como falta de oxigenação no cérebro e quadros hemorrágicos (devido à pressão aumentada nos vasos sanguíneos) durante os acessos de tosse, além de encefalopatia hipóxico-isquêmica, uma complicação rara que pode resultar em danos cerebrais permanentes. Particularmente entre os lactentes, durante os acessos de tosse podem ocorrer apneia - distúrbio do sono que afeta a respiração - devido à obstrução das vias aéreas e pneumotórax, caracterizado pela ruptura de uma bolha de ar no pulmão.

Já os adolescentes e adultos, considerados a principal fonte de transmissão aos pequenos, normalmente manifestam sintomas mais leves. Por esta razão, a maioria sequer recebe diagnóstico, o que eleva a subnotificação de casos. E, como o SUS não disponibiliza doses de vacina contra a doença a estes últimos grupos, a imunização dos bebês é fundamental para evitar que eles sejam infectados, visto que a coqueluche, causada pela bactéria Bordetella pertussis, é altamente transmissível.

Vacinação

Especialistas apontam que alguns fatores podem ter contribuído para o aumento do número de casos no mundo e um dos principais é a baixa cobertura vacinal. A taxa preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) é de 95%, índice que não foi alcançado em Bauru para as doses de reforço aplicadas em 2024.

De acordo com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), até outubro, 96% do público-alvo recebeu a vacina pentavalente (contra difteria, tétano, coqueluche, meningite por Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B), enquanto 90% tomou dose da DTP (difteria, tétano e coqueluche) e 72% da dTpa (tríplice acelular).

Bebês devem ser imunizados com doses da vacina pentavalente aos 2, 4 e 6 meses de vida, seguidas de reforços com a DTP aos 15 meses e aos 4 anos. Já as gestantes, no terceiro trimestre de gestação, devem tomar a dTpa, que confere proteção aos bebês quando nascem, para que não sejam infectados, inclusive, durante a amamentação.

Frente à alta de casos, no ano passado o Ministério da Saúde estendeu o uso da vacina dTpa aos profissionais de saúde que atuam em atendimentos de ginecologia, obstetrícia e pediatria, além de doulas e trabalhadores de berçários e creches com crianças até 4 anos.

Comentários

Comentários