Ao ler o artigo do Pedro Valentim "Não ao voto obrigatório", nesta tribuna, me senti acolhido. E deponho com conhecimento de causa.
Nos três últimos pleitos estive ausente. Em um deles, paguei a multa. E absolutamente, não senti nenhuma falta. Tamanha a desilusão com os atores que pleiteiam os cargos administrativos.
Pedro colocou os dados prontamente. Nesta última eleição, candidatos vencem ou vão para o segundo turno com menos votos que o número de ausentes, brancos e nulos somados.
Numa democracia, temos direitos e deveres. Tenho, por exemplo, o dever de pagar impostos (o nome já diz) para que eu possa ter à disposição os direitos colocados - saúde, segurança, educação (muito embora bastante mal oferecidos).
No caso do voto, no Brasil, o direito e o dever se sobrepõem. Sou obrigado a exercer meu direito (sic).
Numa democracia, temos nossos direitos que podemos (ou não) pleitear. Se somos obrigados a exercer contra a vontade, isso é autoritarismo.
Esse paradoxo a estrutura brasileira está prestes a ter que enfrentar. Mesmo que, sabidamente, se o voto for livre, o trabalho para ganhá-lo será herculeamente maior. Mas olha a vantagem: talvez assim os direitos sejam realmente ofertados por completo, diante dos deveres inteiramente cumpridos (e com mais satisfação).