MACHISMO

Luiza Trajano critica empresário que desprezou mulheres CEOs

Por Laura Intrieri | da Folhapress
| Tempo de leitura: 2 min
Reprodução/Instagram @luizahelenatrajano
Luiza Helena Trajano, dona do Magalu, disse que não concorda com os comentários do fundador da G4 Educação, Tallis Gomes
Luiza Helena Trajano, dona do Magalu, disse que não concorda com os comentários do fundador da G4 Educação, Tallis Gomes

A empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magalu, criticou nesta quinta-feira (19) comentários machistas do fundador da G4 Educação, Tallis Gomes, sobre mulheres em posição de liderança.

Em publicação no Instagram, Gomes respondeu à pergunta "se sua mulher fosse CEO de uma grande companhia, vocês estariam noivos?" com a frase "Deus me livre de mulher CEO".

Em resposta, Luiza Trajano afirmou, em publicação no LinkedIn, que não concordava com os comentários do executivo. O Magalu e a G4 Educação fizeram uma parceria para a produção do evento Expo Magalu, que ocorreu em agosto deste ano.

"O Magalu fez uma parceria pontual com o G4 para oferecer um curso a pedido dos sellers [vendedores] do nosso marketplace. Não concordo em nada com o posicionamento. Às mulheres, peço que não deixem que posicionamentos como esse abalem seus desejos e opções. Quem te irrita, te domina. Não deixemos a irritação nos dominar", disse Trajano.

Na mesma publicação, Gomes também afirmou que homens são naturalmente mais qualificados a cargos estressantes como o dele e que o melhor uso da "energia feminina" seria para construir a base da família.

Ele seguiu criticando o que chamou de situações em que a "mulher faz papel de homem".

"Hoje vejo um bando de marmanjo encostado trabalhando pouco e dividindo conta com mulher. Eu entendo que temporariamente pode acontecer, eu mesmo já passei por isso, mas tem que ser algo transitório."

Outras líderes empresariais criticaram a publicação. Renata Vieira, diretora comercial e de marketing sênior da multinacional Reckitt, publicou no LinkedIn que a declaração exigia urgência.

"A independência da mulher causa dor, né? A perda do controle, então, nem se fala", disse.

Liliane Rocha, CEO da consultoria Gestão Kairós, falou em "discriminação naturalizada" na mesma rede social. "Você entende o perigo dessa propagação de ideias machistas?", escreveu.

Nesta quinta, um dia após a primeira publicação, Gomes voltou ao Instagram para retificar falas e pedir desculpas.

"Em momento algum no meu texto eu quis questionar a capacidade de uma mulher CEO", disse.

Procurada, a G4 Educação disse por meio de nota que o CEO "entendeu o erro e pediu desculpas", e que a fala não representa a empresa, que tem 135 mulheres.

"Queremos nos desculpar pela fala de Tallis, ainda que tenha sido algo pessoal e não representar o G4. Mas entendemos que é nosso papel como empresa apontar que discordamos. E nossa prática é de respeito", diz a nota.

Em julho, o dono da G4 Educação já havia gerado controvérsia ao afirmar em vídeo que não contratava 'esquerdistas'. À época, ele admitiu à Folha de S.Paulo que teve a intenção de viralizar.

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