Vindo de uma família com tradição no segmento de padaria, Hemerson Canho, 43 anos, optou por não seguir os passos do pai e do avô e abraçou o Direito, mas suas causas extrapolaram o universo da advocacia. Além da família e da fé em Deus, tem como um de seus pilares o voluntariado, que começou a praticar na Igreja Católica e ganhou novas dimensões, até tornar-se, em julho deste ano, o primeiro presidente homem da Legião Feminina de Bauru, que capacita anualmente 250 meninas para o mercado de trabalho.

"Faço voluntariado com todo prazer e continuarei fazendo enquanto tiver saúde", diz. Hemerson também é membro ativo do Lions Clube de Bauru Sul, entidade da qual já foi presidente e uma das gestoras da Legião Feminina.

Nascido em Bauru, ele é casado com Márcia Cristina de Oliveira Barbosa Canho, também advogada, com quem compartilha as demandas profissionais no escritório, a dedicação ao voluntariado e a rotina junto aos filhos Igor, 20 anos, e Amanda, 16 anos.

Nesta entrevista, ele revela como encontrou, no Direito, não apenas sua vocação, mas também sua parceira de todas as horas, fala sobre sua atuação especializada em direito educacional, com foco na advocacia preventiva, conta como valoriza momentos em família e como entregou-se ao voluntariado como forma de devolver à comunidade um pouco do que recebeu e transformar vidas. Leia os, abaixo, principais trechos.

JC - O senhor vem de família de advogados?

Hemerson - Não. A família Canho é de padaria, desde meu bisavô até meu pai. Quando criança, acompanhei um pouco a rotina de trabalho do meu pai, mas, na hora de decidir a carreira que iria seguir, sabia que seria em outra área. Fui fazer minha primeira graduação, incompleta, em engenharia civil, em Marília, mas cursei quatro dos cinco anos e desisti. Foi quando parti para o direito, porque todo mundo falava que eu era mais desta área, já gostava de ler, estava sempre atualizado. Durante minha graduação na Unip, estagiei em um escritório de advocacia onde conheci a Márcia, que atuava como advogada. Tudo começou ali, em 2000, e depois construímos nossa família.

JC - Quando decidiu abrir o próprio escritório?

Hemerson - Durante o estágio, a Márcia ficou grávida do nosso primeiro filho. Depois que me formei, passei no Exame da Ordem e obtive minha inscrição na OAB, decidimos abrir nosso escritório, em 2004, com o Igor pequeno ainda. De lá para cá, a gente faz tudo junto, no escritório, em casa e no voluntariado. Nós fazemos parte do Lions Clube de Bauru Sul há sete anos e também participamos da Igreja Católica. Participamos do movimento Encontro de Casais com Cristo, da Paróquia Santo Antônio, mas também frequentamos a Nossa Senhora de Fátima, a São Cristóvão. Todos os domingos, estamos em alguma paróquia e sempre voluntariando na Igreja.

JC - O que o levou a dedicar-se ao voluntariado?

Hemerson - Ajudamos pessoas a vida inteira, mas, no Lions, que tem entre seus membros pessoas com humildade para servir o outro, conseguimos fazer muito mais. O Lions Sul e Lions Norte, como gestores da Legião Feminina, conseguem colocar 250 meninas menores aprendizes por ano no mercado de trabalho. São 52 anos de atividades e, em 2024, houve uma quebra de paradigma, com o primeiro presidente executivo homem da entidade. Eu já tinha sido tesoureiro da Legião no biênio 2018/2019, em um momento bem complicado, em que empresários parceiros deixaram de repassar valores devidos, e quase tivemos que fechar as portas. Depois, fui presidente do Lions Sul na pandemia, outro período bem difícil, com reuniões online, em que tivemos que buscar uma readaptação muito rápida. Mas superarmos tudo isso e agora, após conversas, os dois Lions pediram para que eu fosse presidente da Legião e, em julho, assumi este desafio, sempre com o desejo de devolver um pouco do que recebi na vida.

JC - E como tem sido este trabalho à frente da Legião?

Hemerson - A gente consegue ver a transformação não só de 250 meninas por ano, mas também de suas famílias. Recebemos meninas de 14 a 16 anos com extrema vulnerabilidade, por intermédio do Cras, e fazemos um trabalho forte em equipe, de conscientização à higiene pessoal e ao vestuário, aulas de português, matemática, inglês, informática, palestras. São pedras brutas que vamos lapidando por meio do programa Meu Primeiro Emprego. É um trabalho muito bonito, que capacitou mais de 20 mil meninas e abriu portas para o mercado. Faço voluntariado com todo prazer e continuarei fazendo enquanto tiver saúde.

JC - Como advogados, o senhor e sua esposa atuam em qual área?

Hemerson - Nosso escritório atua na área civil e trabalhista, no mercado empresarial. E a Márcia também atua há mais de 30 anos em direito de família. No segmento empresarial, atuamos fortemente com escolas privadas do Brasil inteiro, na parte de contratos de prestação de serviços educacionais, na área tributária. E fazemos uma advocacia preventiva, fazendo a mediação e preparando as escolas para evitar judicializações, como, por exemplo, em casos de inclusão de alunos com necessidades especiais no ensino regular. E temos conseguido bastante resultado. Eu e a Márcia temos uma parceria muito forte no trabalho e também para lidar com as necessidades relacionadas à criação dos nossos filhos. Acho que tudo que fazemos com amor dá muito certo.

JC - Quando não está trabalhando ou voluntariando, o que gosta de fazer com a família?

Hemerson - Desde comer um espetinho até caminhar. Gosto muito de água e sempre íamos para rancho andar de jet ski. Adoro jogar bola com meu filho, andar de bicicleta e viajar. A gente tenta ir uma ou duas vezes por ano para praia ou rancho e, às vezes, faz alguma viagem para um pouco mais longe. Há oito anos não paramos completamente de trabalhar, mesmo quando viajamos, mas, neste ano, pretendemos parar no dia 20 de dezembro para viajar e retornar só no início de 2025.

 
Em passeio de moto aquática com a família
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Em evento do Lions Clube com a esposa Márcia
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Hemerson em evento da Legião Feminina
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Com a filha Amanda, a esposa Márcia e o filho Igor