Bauru perdeu, nesta segunda-feira (1), uma das principais vozes da história do jornalismo radiofônico: aos 73 anos, morreu Maria Dalva Hatore. Por muitos anos, sua voz forte e vibrante marcou o jornalismo das rádios Auri Verde e da 94FM, onde se aposentou em 2011, mas continuou trabalhando até 2014. A família informou que ela estava doente há algum tempo, mas optou por preservar os familiares.

Mulher discreta, contou em entrevistas que sacrificou sua vida pessoal pelo jornalismo. Durante muitos anos, seus comentários políticos eram referência para quem acompanhava e participava da vida pública bauruense.

Ela comandou o microfone do Vanguardão da Auri verde e depois o 94 Notícias. Fora do trabalho ela curtia ficar com os sobrinhos, os sobrinhos-netos e viajar.

O corpo de Maria Dalva Hatore é velado no salão nobre 2 do Centro Velatório Terra Branca, na quadra 5 da rua Gerson França, no Centro de Bauru. O sepultamento será às 16h desta segunda, no Cemitério Jardim do Ypê.

Segundo Alceu Rodrigues, sócio-proprietário da rádio 94FM, Maria Dalva sempre foi uma profissional correta, perspicaz e respeitada pelos políticos da cidade. “Ela foi um ícone feminino no jornalismo. Sempre foi muito crítica, mas não levava para o lado pessoal. E isso a fez conquistar o respeito dos políticos. Sempre dava oportunidade para os dois lados se manifestarem antes de dar a notícia. Aqui (94FM) ela foi uma professora no estúdio para muitos da nova geração”, comentou ele.

Alceu acrescenta que ele e Maria Dalva se tornaram grandes amigos, desde 1991, quando ele veio do Rio para Bauru. E quando ela se aposentou, Alceu tentou trazê-la de volta para o time de jornalismo em várias oportunidades, mas ela optou por descansar e curtir a família.

O apresentador do Programa Atualidades da 94FM, João Simonetti Neto, o Netão, disse que Bauru perdeu a maior jornalista que a cidade conheceu. “Ela trabalhou conosco por quase 40 anos. Nem preciso dizer o quanto ela era respeitada por todos, porque os políticos tremiam na base quando falava aqui: ‘comentário agora de Maria Dalva’. A vida é assim. Uma pena”, lamentou Netão ao 94 Notícias.

Companheira de muitos anos de profissão e de rádio, a jornalista Rosana Poli disse que Maria Dalva foi uma grande mestra. “Do jeito dela, austera, comprometida com o jornalismo de qualidade, fazia com que os repórteres iniciantes aprendessem por si próprios. Lembro da minha primeira reportagem de rua. Maria Dalva me deu um gravador, papel e caneta e disse: ‘vai cobrir...’. E esse foi um aprendizado precioso, onde o repórter errando ou acertando vai descobrindo suas habilidades”, recordou.

Maria Dalva teve sete irmãos, quatro deles ainda vivos: Marco, Vera, Oneide e Shirley. A jornalista não casou e não teve filhos, mas deixou inúmeros sobrinhos. Estiveram no velório Nathaly, Thiago, Rogério, Thaís, Marco, Valéria, Daniela, Paula, William, Ciro, Nilton, Simone, além de sobrinhos-netos e amigos e ex-colegas de trabalho.