COLUNISTA

Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas?

Por Hugo Evandro Silveira |
| Tempo de leitura: 3 min
Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril

Essa é uma pergunta feita pela grande maioria das pessoas. O teólogo R.C. Sproul trabalhou sobre esse tema e respondeu: "Isso só aconteceu uma vez, quando Cristo se ofereceu voluntariamente. Cristo o único plenamente bom". A questão de por que acontecem coisas ruins a pessoas boas é uma das mais complexas no campo da teologia e da filosofia. Quando consideramos a natureza de Deus - eterno, infinito, onisciente, onipresente, onipotente - é natural reconhecermos nossas limitações como seres humanos. O livro de Jó aborda essa questão de forma profunda. Nele, vemos como Deus permitiu que Jó enfrentasse diversas provações, ainda que não permitisse que fosse morto. Apesar de Jó não entender completamente os motivos por trás dessas provações, sua resposta foi de confiança e perseverança em Deus. Ele declarou: "Ainda que Ele me mate, nEle esperarei" e reconheceu: "... o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor". Jó confiou na bondade de Deus, mesmo em meio à adversidade.

Nós também somos desafiados a ter essa mesma resposta de confiança. Embora às vezes nos deparemos com situações inexplicáveis, ao invés de duvidar da bondade de Deus, devemos confiar Nele plenamente. Como diz em Provérbios 3.5,6 : "Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas". Em vez de confiar apenas na nossa compreensão limitada, devemos depositar nossa confiança no Senhor, seguros de que Ele tem o controle e que, no final, suas ações são guiadas pelo seu amor e justiça.

Uma abordagem alternativa ao tema seria questionar: "Por que coisas boas acontecem com pessoas más?" Esta reflexão se baseia na santidade de Deus (Isaías 6.3; Apocalipse 4.8) contrastada com a condição pecaminosa da humanidade (Romanos 3.23; 6.23). As Escrituras pintam um quadro claro da natureza humana, destacando a falta de retidão e a inclinação para o pecado. Segundo Romanos 3.10-18, não há um justo sequer; todos se desviaram e se tornaram inúteis, sem temor de Deus. Somente um justo, só um plenamente bom pisou na face da terra: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

É vital reconhecer que cada um de nós, diante da santidade do Altíssimo Deus, merecemos, neste exato momento, a condenação eterna. A existência e cada momento de vida são concessões da graça divina. Mesmo as adversidades mais difíceis que enfrentamos nesta vida são, em comparação com a justiça divina, meras misericórdias. Cada segundo de vida é um presente que supera em grande medida o merecimento de uma eternidade de tormento e desespero.

O apóstolo Paulo em Romanos 5.8 nos lembra do amor demonstrado por Deus, que enviou Cristo para morrer por nós, mesmo quando éramos pecadores. Este é um testemunho poderoso do amor divino, que se manifesta na redenção através do sacrifício de Jesus Cristo (Romanos 6.23). A simples condição para receber essa graça é a fé em Cristo (João 3.16; Romanos 10.9), e como resultado somos prometidos a vida eterna no céu (Romanos 8.1).

É crucial compreender que, enquanto merecemos a danação eterna, Deus nos oferece vida plena sem fim através da fé em Cristo. Isso é graça imerecida. Existe até uma perspectiva que considera este mundo como o único inferno que os fiéis jamais enfrentarão, enquanto para os descrentes é o único céu que conhecerão. Isso nos leva a repensar a questão inicial: "Por que Deus permite que coisas ruins aconteçam com pessoas boas?" Talvez seja mais pertinente perguntar: "Por que Deus permite que coisas boas aconteçam com pessoas más?" Essa reflexão nos leva a apreciar ainda mais a graça divina e o amor demonstrado através de Cristo.

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