COLUNISTA

Por que Deus não faz algo contra o mal?

30/03/2024 | Tempo de leitura: 4 min

"Mas alguém dirá: 'Como é que os mortos ressuscitam? E com que corpo virão?' Insensato! O que você semeia não nasce, se primeiro não morrer. E, quando semeia, você não semeia o corpo que há de ser, mas o simples grão, como de trigo ou de qualquer outra semente. Mas Deus lhe dá corpo como ele quer dar e a cada uma das sementes dá o seu corpo apropriado" - 1 Coríntios 15.35-38.

Nós nos expressamos com palavras, mas Deus nos transmite sua mensagem através de suas ações e realizações. Se ao menos pudéssemos perceber isso, compreenderíamos que a Criação e a Providência são como dois sermões em constante fluxo, emanando diretamente da essência divina. Por exemplo, as estações do ano assumem o papel de pregadores do Altíssimo Criador, cada uma com sua própria voz e mensagem a proclamar. A crença na ressurreição dos mortos é mais uma dessas mensagens do Eterno Criador. É uma doutrina distintiva do Cristianismo. Enquanto os céticos seguem sem vislumbrar a verdade a respeito da imortalidade da alma, para os cristãos a ressurreição é um conceito fundamental que vai além da continuidade da alma. Assim como as sementes que aparentemente morrem no inverno apenas para ressurgirem na primavera, os crentes também serão renovados para uma vida eterna, florescendo na eternidade.

A Doutrina da Ressurreição nos leva da sexta-feira da crucificação ao domingo da ressurreição. A morte dolorosa do Filho de Deus representa a injustiça mais horrível da história humana. No entanto, por que chamamos isso de "Bom"? Porque do terrivelmente ruim brotou algo inexprimivelmente bom. O bem supera o mal porque o mal é passageiro, enquanto o bem é eterno. O amor e a graça de Deus nos alcançam, tingidos no sangue divino derramado.

A Cruz representa a resposta divina à pergunta incessante que ecoa entre os homens: "Por que Deus não intervém contra o mal?" - Deus não permaneceu passivo diante disso; Ele agiu de forma grandiosa e poderosa, além de nossa compreensão. Um simples olhar para Jesus - Sua encarnação e a redenção que Ele trouxe - deveria dissipar qualquer dúvida sobre a presença ou indiferença de Deus diante do sofrimento humano. Ele não apenas se compadece de nosso sofrimento; Ele o vivencia profundamente. Jesus é Deus. O sofrimento de Jesus é o sofrimento de Deus.

Um momento impactante do filme "A Paixão de Cristo" ilustra isso vividamente: quando Jesus, sobrecarregado pela dor e exaustão, está prostrado no chão, enquanto os guardas continuam a infligir-lhe violência, zombaria e cusparadas, uma mulher, horrorizada, estende a mão e implora: "Alguém, por favor, pare com isso!" A grande ironia é que ninguém poderia fazer nada, porque o próprio Filho de Deus estava realizando algo de proporções inimagináveis, algo que não podia ser interrompido. Se, naquele momento, alguém tivesse interferido para livrar Jesus do Seu sofrimento, Ele não poderia ter nos libertado do nosso.

Os relatos evangélicos da crucificação e da ressurreição pintam um retrato vívido da intensa angústia de Cristo no Getsêmani e de Sua antecipação da Cruz. Momentos de alegria e contentamento são temporariamente obscurecidos pela tristeza e aflição - até que a libertação da morte aconteça. A luz brilhante da ressurreição logo dissipa a escuridão da morte, assegurando nossa felicidade eterna.

O que poderia ser recordado como uma Sexta-feira terrível é transformado em Sexta-feira Santa, pois aponta para a poderosa ressurreição de Cristo, que altera o curso dos acontecimentos após a morte. O propósito outrora oculto no sofrimento de Cristo agora se revela como uma causa espetacular de regozijo. Essa é a essência da Boa Nova do Evangelho! No desfecho, a vida triunfa sobre a morte, a alegria prevalece sobre o sofrimento. É a felicidade, não a tristeza, que tem a última palavra - e essa última palavra ecoará para sempre.

Um futuro seguro invade nosso presente de tal forma que, mesmo quando lidamos com a morte, o novo normal em Cristo é a vida. Assim como a Páscoa reverteu a Sexta-feira de horror para transformá-la em júbilo, nossa própria ressurreição irá transformar cada lágrima em riso. A fé age como uma espécie de memória avançada, onde confiamos na promessa divina de uma felicidade eterna e antecipamos essa alegria mesmo em meio às tribulações desta era. Com essa compreensão, devemos viver com a convicção de que nossa vitória futura emerge tanto da dor de Jesus na Sexta-feira quanto de sua vitória no Domingo de Páscoa. Sim, Deus fez algo poderoso contra o mal: Jesus!

IGREJA BATISTA DO ESTORIL
61 anos atuando Soli Deo Gloria

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

Receba as notícias mais relevantes de Bauru e região direto no seu WhatsApp
Participe da Comunidade

COMENTÁRIOS

A responsabilidade pelos comentários é exclusiva dos respectivos autores. Por isso, os leitores e usuários desse canal encontram-se sujeitos às condições de uso do portal de internet do Portal SAMPI e se comprometem a respeitar o código de Conduta On-line do SAMPI.