As mulheres são a minoria e recebem menos do que os homens em cargos de gerência no Brasil, indicam dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em 2022, elas representavam somente 39,3% das pessoas ocupadas nessas funções ou 966 mil do total de quase 2,5 milhões. No mesmo ano, os homens preenchiam 60,7% dos cargos de gerente ou 1,5 milhão do total de quase 2,5 milhões.
A desigualdade permanece quando a variável é a renda. Em 2022, o rendimento médio do trabalho principal das mulheres em funções de gerência foi estimado pelo IBGE em R$ 6.600. O valor foi 21,2% inferior ao dos homens (R$ 8.378).
Os dados integram a terceira edição de uma síntese de indicadores sociais das mulheres, que reúne estatísticas de diferentes pesquisas.
No caso dos cargos de gerência, a fonte dos resultados é a Pnad Contínua, uma das principais publicações do IBGE. A divulgação da síntese coincide nesta sexta com a celebração do Dia Internacional da Mulher.
Entre as atividades econômicas avaliadas pelo instituto, a menor proporção de mulheres em funções gerenciais foi registrada em 2022 por agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura: 15,8%. O ramo de água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação teve o segundo patamar mais baixo (19,5%).
Na outra ponta da lista, os maiores percentuais de mulheres em cargos gerenciais foram verificados em saúde e serviços sociais (70%) e educação (69,4%). Trata-se de duas áreas relacionadas à chamada economia do cuidado.
No início da série histórica, em 2012, as mulheres ocupavam 36% das funções de gerência no país. Os homens preenchiam 64% dos postos. Isso sinaliza que o quadro não teve mudanças tão fortes ao longo dos anos.
"Quando se trata de ascender a posições de liderança, é possível observar que persistem as barreiras invisíveis na trajetória das mulheres no mercado de trabalho", diz o IBGE.
A síntese do instituto mostra outras desigualdades de gênero. Em 2022, 28% das mulheres ocupadas trabalhavam em tempo parcial no país, ou seja, em jornadas de até 30 horas semanais. O percentual feminino é quase o dobro do verificado entre os homens (14,4%).
As mulheres pretas ou pardas (30,9%) tinham uma proporção maior nessa condição, se comparadas às brancas (24,9%).
SOBRECARGA
Os dados também apontam que a sobrecarga de tarefas do lar afeta mais a parcela feminina da população, o que tende a prejudicar a inserção dela no mercado de trabalho.
Conforme o IBGE, enquanto as mulheres dedicavam em média 21,3 horas semanais para afazeres domésticos ou cuidado de pessoas em 2022, os homens destinavam 11,7 horas.
Essa comparação já havia sido destacada pelo instituto em agosto do ano passado. O recorte abrange atividades não remuneradas que historicamente recaem mais sobre as mulheres, como cozinhar, limpar a casa e cuidar de crianças e idosos.
Ainda de acordo com o IBGE, as mulheres destinavam 54,4 horas semanais para a combinação entre trabalho remunerado e afazeres domésticos ou cuidados de pessoas sem salários. A carga total feminina superava a masculina (52,1 horas) em 2,3 horas por semana.
A maior desigualdade desse indicador foi registrada no Nordeste, conforme o instituto. Na região, as mulheres dedicavam 54,1 horas por semana para o trabalho remunerado e as tarefas do lar, 4,2 horas a mais do que os homens (49,9).
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