
Maior atrativo de Bauru e reconhecido nacionalmente como uma instituição de referência, o Zoológico Municipal se paga sozinho. O único encargo da prefeitura está na folha de pagamento - o restante é custeado pelas entradas da bilheteria e pelo Fundo Municipal de Manutenção do Zoo, criado em 1999 e que tem hoje pouco mais de R$ 5 milhões em caixa.
Inaugurado em 1980 na gestão Osvaldo Sbeghen, o espaço nasceu pequeno e amadureceu substancialmente ao longo dos 43 anos de existência - o Zoo chega aos 44 em agosto deste ano. Antes que a primeira pedra fosse erguida, o local era ocupado por posseiros, embora a área pertencesse ao município.
Os primeiros animais vieram de Bastos-SP, que na época havia acabado de desativar seu Zoo e concordou em ceder seus bichos a Bauru.
No início o órgão era um retrato da época, como define o zootecnista Luiz Pires, que esteve à frente da instituição ao longo de quase três décadas e acompanhou a construção do local. "Antigamente era um espaço de exposição de animais. Quando assumimos a diretoria buscamos implementar os pilares do Zoológico moderno", disse ao JC nesta sexta-feira (2).
Iniciada essa transição, era hora de transformar o Zoológico num espaço feito para a convivência dos animais - a visitação humana seria a consequência natural desse projeto. Dito e feito: era o prelúdio de uma consolidação da instituição como referência e reconhecida em todo o território nacional.
"A gente aproveita o fato de manter os animais sob cuidados humanos para passar ao público a importância de se trabalhar ambientes como esse", explica Pires. Em 1982, por exemplo, o local recebeu o primeiro animal de grande porte, um leão, e depois abrigou também leopardo, tigre e até um urso. O foco depois se voltou à fauna brasileira.
Em 1984, o Zoo recebeu as primeiras turmas escolares para palestras sobre a instituição. Na sequência veio o teatro educativo e, depois, o Centro de Educação Ambiental - projetos que, ainda que em outras proporções e modalidades, estão presentes ainda hoje.
Mas um problema assombrou o Zoológico durante quase 20 anos: financiamento. Na época, a instituição era totalmente dependente da Prefeitura de Bauru. "Tínhamos de disputar os recursos com outras áreas, como Educação e Assistência Social, por exemplo. Isso era complicado", lembra Pires.
As discussões em torno de uma solução para isso passou por ideias inexequíveis, como a transformação do local numa Fundação. "Ia dar muito problema com a papelada jurídica. E veio então a sugestão de um Fundo Municipal de Manutenção do Zoológico. Um projeto perfeito", afirma o ex-diretor.
Ele não tem dúvidas: o fundo garantiu a autonomia do Zoo e este projeto se tornou referência: outras instituições do ramo vieram a Bauru para conhecer o fundo.
UMA VIDA
Hoje quem responde pela instituição é a bióloga Samantha Pereira Lima Bittencourt, diretora do órgão há seis meses e servidora do Zoológico há 15 anos. "É praticamente uma vida aqui dentro", reconhece. O Zoo hoje tem 50 funcionários divididos entre setores que vão desde a zeladoria do local até a medicina veterinária.
"Estamos hoje negociando a possibilidade de contratar mais biólogos para aprimorar o manejo dos animais e ampliar o bem-estar deles", afirma Samantha. Essas tratativas têm de ser feitas necessariamente com a prefeitura. Investimentos e manutenção do Zoo, em contrapartida, são questões decididas dentro da própria instituição.
O JC esteve no local na tarde de quinta-feira (1), um dia depois das fortes chuvas que atingiram Bauru e causaram estragos em vários trechos do município. No Zoo não foi diferente. Uma árvore caiu na noite de quarta-feira e quebrou a vidraça que protege o ambiente onde fica o lobo-guará.
O conserto, é claro, será bancado pelo fundo - que depende em sua maioria da venda de bilhetes, hoje fixados em R$ 5,00. "É um valor simbólico", explica Samantha.
Em Zoológicos particulares, enquanto isso, o valor do bilhete de entrada chega a superar R$ 80,00.
Apesar do baixo custo, o Zoo ganha na quantidade. Em janeiro, por exemplo, foram 20.572 visitantes e uma renda que beira os R$ 100 mil. A tendência é que a circulação no local caia com a volta do ano letivo - mas atinja os maiores números do ano em julho, quando das férias do meio do ano. "É um período em que as pessoas viajam menos", explica.
Enquanto isso há as instituições de ensino de Bauru e região que também levam seus alunos para que conheçam o Zoo. No caso das escolas do próprio município há isenções de taxas, mas no das particulares, não.
Comentários
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Tati 04/02/2024Um dos zoos mais bem cuidados que eu conheci! Gestão honesta, investe o recurso corretamente e os animais e o povo, só ganham!