
Quando se ingere bebidas alcoólicas, é comum perceber alterações na ida ao banheiro. Algumas pessoas podem se queixar de fezes mais amolecidas e de diarreia, ou até mesmo se sentirem constipadas, com dificuldade para evacuar. Mas o que leva a essas mudanças? O assunto foi abordado por Vincent Ho, professor de gastroenterologia da Universidade Western Sydney, na Austrália, em um artigo publicado na plataforma “The Conversation”.
O especialista explica que o álcool interfere no tempo que a comida leva para a comida passar pelo intestino, processo conhecido como tempo de trânsito intestinal, e, consequentemente, na formação das fezes. Quanto mais acelerado for o tempo, menos consistentes elas são, já que pouco líquido é reabsorvido pelo corpo. Quando o ritmo é mais lento, a reabsorção se torna excessiva, o que leva ao endurecimento das fezes.
“Em geral, bebidas com altas concentrações de álcool (acima de 15%), como uísque e vodca, retardam a movimentação dos alimentos no estômago. Bebidas com concentrações de álcool comparativamente baixas (vinho e cerveja, por exemplo) aceleram o movimento dos alimentos no estômago”, explica Ho no artigo.
Por isso, ingerir cerveja ou vinho é um ato ligado a quadros de fezes mais aquosas. “Algumas bebidas alcoólicas podem afetar mais os movimentos intestinais do que outras. Se você notar um padrão de cocô preocupante após beber certas bebidas, é mais sensato reduzir o consumo delas”, alerta o professor da Universidade Western Sydney.
Além disso, ele afirma que, se a tendência é desenvolver um quadro de diarreia, uma boa dica é evitar bebidas com cafeína. “Ela é conhecida por estimular as contrações do cólon e, portanto, pode piorar a diarreia”, diz.
Já se o problema for prisão de ventre, manter-se hidratado é ainda mais importante. “Beber bastante água antes do álcool pode ajudar a reduzir a desidratação e a constipação”, recomenda o pesquisador.
Ho lembra a importância de comer antes de consumir bebidas alcoólicas, especialmente opções ricas em proteínas e fibras. “Os alimentos podem retardar a absorção do álcool e ajudar a proteger contra os efeitos negativos no revestimento intestinal”, explica o especialista.
Por fim, o pesquisador tranquiliza em relação às alterações nos movimentos intestinais e nas fezes: “São normais e, geralmente, de curta duração”.