COLUNISTA

A Estrela da Graça Divina conduziu os Magos a Belém

06/01/2024 | Tempo de leitura: 4 min

Neste domingo se recorda a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus, em Belém, e se celebra na Liturgia a solenidade da Epifania (manifestação) do Senhor. Pois neste dia Jesus se manifestou como Salvador de todos os povos, nas figuras dos Reis do Oriente que chegaram a Belém seguindo uma misteriosa estrela. Na interpretação de Santo Agostinho "Aquela estrela era a graça divina" que passou por suas vidas. No Evangelho da Missa da Epifania - Mt 2,1-12 -

Mateus relata a saga de alguns Magos, sem dizer seus nomes, nem que eram três nem reis, que vieram do Oriente a Belém, guiados por uma estrela. Chegando a Jerusalém, perguntaram ao rei Herodes sobre o nascimento de Jesus. Herodes, depois de consultar os sacerdotes, confirmou aos Reis Magos, dizendo: "'E tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um chefe que vai ser o pastor de Israel, o meu povo,'" Herodes avisou os Magos e os enviou a Belém, dizendo: "Ide e procurai obter informações exatas sobre o menino. E, quando o encontrardes, avisai-me para que também eu vá adorá-Lo."

A seguir, os Magos partiram e a estrela ia adiante deles até parar sobre o lugar onde estava o menino. Entrando na gruta, viram o menino. Como conta Mateus: "Ajoelharam-se diante dele e o adoraram. Depois, abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, retornaram para a sua terra, seguindo outro caminho." Segundo os biblistas, os Magos seriam naturais da Pérsia, estudiosos dos astros e conhecedores das escrituras sagradas. Portanto, não podiam ser confundidos com outros magos, conhecidos como feiticeiros perigosos, que a Bíblia sempre rejeitou.

Estes Magos do Oriente, pesquisando o significado daquela estrela nova que apareceu nos céus, descobriram o seu significado e, seguindo o seu movimento, chegaram a Belém, onde encontraram Jesus. Os primeiros cristãos foram reconhecendo estes Magos como reis, a partir do começo do século III, pois eles tinham tudo o que os reis tinham: séquito com camelos e servidores, cofres com tesouros, postura real e modo solene e respeitoso de proceder.

Tudo isso transparece nos Evangelhos e, em consequência, a tradição eclesial acabou incorporando como verdade o que os fiéis foram acreditando sobre estes Magos. Inclusive segundo a tradição e os evangelhos apócrifos foram dados a eles até nomes de origem judaica: Melquior (rei da luz), Baltazar (senhor do tesouro), Gaspar (o tesoureiro). Com base no "Sensu Fidelis" (o senso dos fiéis), como que um tipo de plebiscito popular, eles acabaram sendo canonizados, isto é, reconhecidos como santos pelo povo cristão e, por fim, os seus nomes foram registrados no "Catálogo dos Santos da Igreja Católica".

Ainda hoje o povo católico os venera como santos. Também conforme a tradição, representariam os três continentes conhecidos na época: Europa, Ásia e África. Assim sendo, Gaspar, de cor branca, que ofereceu a Jesus o ouro, sinal da sua natureza real, presente dado a reis, representava a Europa. Melquior, moreno, que ofertou o incenso, para sinalizar a natureza divina de Jesus, representava a Ásia. Baltazar, negro, que presenteou com a mirra, destinada a embalsamar os mortos, evocando o sofrimento e a morte futura de Jesus, sinal da sua imortalidade, representava a África.

A devoção aos santos Reis chegou ao Brasil por Portugal. Foram os nossos descobridores que deram à enseada mais ao sul do Rio de Janeiro o nome de Angra dos Reis. Em Natal, no Rio Grande do Norte, fica o monumento aos Reis Magos e o Forte dos Reis Magos. Ali na Capela dos Reis Magos, o rei de Portugal, Dom José I, doou, em 1752, as imagens que os devotos consideram milagrosas. Foram também os portugueses que trouxeram para o Brasil as Folias de Reis, os Santos Reis ou Reisados.

As folias são festejos populares da tradição religiosa existente entre nós, sobretudo em meio rural. Elas acontecem no Natal e podem ir até o Carnaval. Revestem-se de grande beleza, com cantos, orações, recitação das passagens dos Evangelhos que relatam o nascimento de Jesus, desde o anúncio do anjo Gabriel, passando pela vinda dos Reis Magos, a fuga da sagrada família ao Egito, a sua volta do exílio e a sua infância. As folias caminham de casa em casa, fazendas, vilas, bairros, convidando os fiéis a descobrirem a estrela da graça que leva a Deus.

Os foliões vão vestidos com roupas coloridas, personificando figuras bíblicas. Há os palhaços que distraem os carrancudos soldados de Herodes, para facilitar a fuga da Sagrada Família ao Egito. Há os que carregam a bandeira do Divino e a dos santos Reis, há os cantadores, instrumentistas, leitores e recitadores de versos. As famílias, com alegria, recebem os foliões à porta da casa e fazem a oferta de uma prenda, um frango, um leitão. Estas prendas serão preparadas e servidas no final da peregrinação da Folia a todos os que a receberam pelo caminho durante a jornada de fé e oração.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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