OPINIÃO

Economia em 2024: aposte em diferenciais competitivos

Por Reinaldo Cafeo | 04/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

Início de ano: não há como não projetar o que esperar na economia em 2024. As organizações de uma forma geral se baseiam nas previsões macroeconômicas para fazerem seu planejamento. Quando o assunto é investimento, tais projeções são mais do que necessárias. Tudo aponta para um ano de crescimento econômico. O Produto Interno Bruto brasileiro, tendo como base 2023, deve ter um resultado positivo na ordem de 1,5% em termos reais e que equivale a algo próximo a 5,5% em termos nominais.

Essa previsão leva em conta um déficit primário (receita menos despesas do governo, sem computador os juros da dívida pública) na ordem 0,8% do PIB, deixando de lado a previsão de déficit zero como definido pelo governo Federal, posto que os agentes econômicos já precificaram o não cumprimento da meta fiscal.

Neste cenário pode-se projetar a inflação na casa dos 4% e a taxa básica de juros virando o ano na casa dos 9% ao ano, com o dólar no patamar R$ 5,00 também na virada do ano.

Este cenário é a luz do que temos de dados hoje, podendo se deteriorar com o passar dos meses. Qual seria o ponto de inflexão para pior? O quadro fiscal. Explicando melhor. O governo Federal tem no ministro da fazenda, Fernando Hadadd, um dos poucos dentro da estrutura de governo comprometido com o ajuste fiscal. O restante do governo, principalmente a base aliada do PT, quer o "liberou geral", ou seja, gastar como se não houvesse amanhã.

Se prevalecer a ala política do governo Federal o déficit das contas públicas deste ano poderá ser superior ao 0,8% do PIB, aquele já precificado pelo mercado, e quando as contas forem refeitas, poderá ocorrer pressão no mercado cambial, impactando taxa de juros, com desarranjo na inflação. Se isso tudo ocorrer, o crescimento econômico deste ano será revisto para baixo.

Se efetivamente este quadro for verdadeiro, rogo que não, o que os que operam no setor privado podem fazer? Investir nos diferenciais competitivos. Se tudo der errado, mesmo assim a geração de riqueza do país neste ano será na ordem de R$ 10 trilhões. Isso quer dizer que quem for mais proativo, mais competitivo, treinar a equipe, for firme no planejamento estratégico, elaborar planos de ação para o atingimento das metas fixadas, levará vantagem.

Aquela velha história da cigarra e da formiga. Enquanto uma canta a outra trabalha. Enquanto alguns esmorecem com eventuais notícias ruins da economia, outros arregaçam as mangas e disputam palmo a palmo este competitivo mercado.

Para quem está no setor privado desde a década de 1980 sabe do que estou falando, afinal somos sobreviventes de inúmeros planos econômicos e crises, tais como Plano Cruzado 1 e 2, Plano Bresser, Plano Verão, Plano Collor, Plano Real, crise mexicana, crise russa, crise no sudeste asiático, choque da moeda brasileira, crise da internet, crise do suprime americano, dois anos de recessão no governo Dilma Rousseff, pandemia, isso sem falar dos inúmeros conflitos geopolíticos. Não é pouca coisa, e muitos sobreviverão.

Portanto, pratique o otimismo realista, sendo conhecedor do potencial econômico brasileiro, mas sempre os pés no chão, apostando, como colocado, em diferenciais competitivos.

Quanto ao ambiente econômico, abstraia.

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