OPINIÃO

Ondas pseudocientíficas

Por Adilson Roberto Gonçalves | 03/01/2024 | Tempo de leitura: 1 min

O autor é pesquisador na Unesp – Rio Claro

A psicanálise e sua capacidade de atuar dentro da metodologia científica são controversas, como já foi abordado em "Sem bobagens, a devida ciência" (23/8). Ser baseado em evidências pode levar a erros. Um exemplo curioso é o Kluge Hans, um cavalo inteligente que aparentemente conseguia fazer contas. Essa história foi trazida pelo matemático Marcelo Viana, que seria pitoresca não fosse pela conclusão mais importante da avaliação, não apresentada no texto: a de que, em estudos de comportamento animal, o contato com humanos deve ser evitado para filtrar o falso efeito de inteligência. O nome do cavalo foi assim adotado para explicar o fenômeno.

A religião é outra dimensão humana que sai de seu âmbito exclusivamente individual para induzir falsos conhecimentos. Por exemplo, o articulista da Folha de S. Paulo Juliano Spyer tentou defender a religião com conotações pseudocientíficas em artigo que intitulou de "evocando o demônio?". Fez indevidamente alguns contrapontos com a inteligência artificial. A ciência cibernética causa transformações e mudanças de paradigmas desde o início. Muita discussão passará por cima e por baixo desta ponte que une nosso nascimento à morte, mas fato é que tanto a chamada inteligência artificial quanto os deuses tiveram a mesma origem: a mente humana.

Há uma tentativa de atrelar acontecimentos a vibrações, tentando simplificar a vida a ondas. Sim, elas existem e são energia, mas prefiro amenizar a questão, lembremos que onda é também som. Muitas citações a roqueiros históricos e da pesada mostram que música não são apenas ondas sonoras. A combinação delas e a forma como chegam aos ouvidos é que fará a qualidade do som e a preferência do ouvinte. E parece ainda valer a máxima de que dinheiro e boa música são inversamente proporcionais. Um paradoxo, tal qual o financiamento da fé.

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