Já escrevi aqui aos leitores, perguntando o que fariam se não tivessem o amanhã, quais seriam suas últimas palavras e ações? O ano terminou e o que você fez? Sempre é tempo de refletirmos sobre o que estamos fazendo com nossa vida, nosso ano, meses, semanas e minutos. A vida é tão rara, que nem sempre nos damos conta que agora estamos aqui, mas no momento seguinte podemos não estar.

Assim, quero compartilhar algumas inquietações deste final de ano com vocês!

Os mais próximos já me ouviram dizer sobre meu desejo de viver 100 anos, assim como minha avó, que era muito feliz e viveu 95 anos esbanjando vitalidade, por que não eu?

Todavia, na última semana do ano me pergunto o que fiz hoje para chegar lá?

Bem, e 2023 percebi que na Unesp os servidores trabalharam muito, muito mesmo, para atenderem todas as demandas, mesmo sendo tão poucos. Enquanto diretora, me cabe agradecer publicamente o empenho, a dedicação de cada um por me ajudarem a zelar pelo nosso recurso público, fazendo a melhor gestão possível.

Quanto aos docentes, preciso dizer, mas não para todos, e sim para muitos, que nossos alunos não são mais os mesmos em virtude de todo trabalho desenvolvido durante o processo de sua formação.

A nossa Universidade tem mudado a cada dia, hoje está mais plural, diversa e ainda precisa caminhar bastante para também se tornar mais inclusiva, garantir a aprendizagem de todos, principalmente considerando a singularidade de cada um. Sei que não é fácil, e também que não saber não é crime, mas não querer, sim! Portanto, não há mais espaço em nossa Universidade Pública para aqueles que não acreditam na inclusão, ou que pensam: na minha época aprendi assim.

Sim, aprendemos, eu também, mas hoje o contexto é outro e o Dr. Google traz na ponta dos dedos os conteúdos, mas nada substitui a relação entre quem ensina e quem aprende, o brilho nos olhos que só existe em nossos professores!

O ano terminou e o que você fez? Produzimos ciência para contribuir para um mundo mais justo, para combater a desigualdade, o racismo, o capacitismo e todas as formas de opressão.

E vocês, discentes do Ensino Superior, compreenderam que ainda são privilegiados, pois apesar de todas as mazelas sociais, com os auxílios existentes vocês conseguiram chegar e estão lutando para permanecer com dignidade na Universidade, mas saibam que vocês representam uma minoria em nosso país, pois o analfabetismo ainda assola a população brasileira, onde milhares de jovens não encontram perspectiva alguma em relação ao futuro.

Por isso, quando o ano termina e nos perguntamos o que fizemos, como eu quero viver 100 anos, dos quais já vivi mais da metade deles, posso sim, pensar que o que não fiz hoje posso não esperar a outra metade, mas começar já, agora!

Não precisa mover as montanhas, pode apreciá-las, outras vezes não consegue evitar um acidente, mas pode aprender como evitar novos. Também podemos ser gratos pelo dia que acabou, pelo alimento que tivemos, pelas oportunidades que a vida nos dá e pelos amigos que conquistamos!

Podemos dizer aos nossos familiares hoje o quanto os amamos e não esperarmos para o amanhã.

Este ano de 2023 chegou ao fim, com muito sangue derramado, estamos em guerra, há muita crueldade, nosso clima enlouqueceu, as pessoas estão viciadas em mídias sociais e infelizmente ainda temos aquelas que morrem de fome.

Vamos receber 2024 com os corações esperançosos, pensando que será possível fazer algo mesmo que pequeno para cuidarmos das pessoas, dos animais, de nosso planeta, afim de que ele continue existindo, pois para viver 100 anos, precisamos ter um planeta!