POLÍTICA

Hacker que espionou desafetos do governo será ouvido nesta quarta

Patrick Brito deixou a prisão onde estava na Sérvia e agendou o encontro após ligação com o vereador Eduardo Borgo

Por André Fleury Moraes | 26/12/2023 | Tempo de leitura: 2 min
da Redação

Douglas Willian

Vereador Borgo (Novo) conversou com o hacker no domingo
Vereador Borgo (Novo) conversou com o hacker no domingo

O hacker Patrick César da Silva Brito, que teria sido contratado pelo cunhado da prefeita Suéllen Rosim (PSD), Walmir Henrique Vitorelli, para monitorar desafetos do governo municipal, será ouvido, pela Internet, às 9h desta quarta-feira (27) pela comissão temporária da Câmara de Bauru.

O colegiado foi instaurado no início de novembro e é responsável pela interlocução com a Polícia Civil e o Ministério Público (MP), órgãos de controle externo que investigam as denúncias de espionagem. Os alvos da medida, como noticiou o JC, teriam sido a vereadora Estela Almagro (PT) e o jornalista Nelson Itaberá.

Compõem a comissão os vereadores Coronel Meira (União Brasil), Guilherme Berriel (MDB), Eduardo Borgo (Novo), Estela Almagro (PT) e Chiara Ranieri (União Brasil).

O encontro foi marcado a pedido do vereador Eduardo Borgo (Novo), que solicitou neste final de semana o uso do plenário para colher depoimento de Patrick. O hacker estava preso num Centro de Detenção Provisória na Sérvia e deixou a penitenciária na última sexta-feira.

No domingo (24), ele chegou a conversar com o vereador Borgo e disse ao parlamentar que entregará nesta quarta as provas que mantém sobre o caso.

Um dos principais elementos de prova está no computador de Patrick. O equipamento estava apreendido desde a sua prisão e foi entregue a ele quando de sua soltura.

"Ele foi liberado da detenção pois não saiu seu pedido de extradição e seu exílio foi negado em primeira instância. Pelas leis da Sérvia, uma pessoa só pode ficar presa preventivamente por um ano, razão pela qual ele está em 'liberdade provisória'", explicou Borgo ao JC nesta segunda (25).

"Trata-se de um dos episódios mais nefastos na história de Bauru, pois espionagem em parlamentar e jornalista é uma das formas mais vis de se atacar a democracia", prosseguiu.

Segundo as investigações, o hacker teria sido cooptado por um delegado de Araçatuba depois de invadir o celular do prefeito daquele município. O delegado teria oferecido a soltura de Patrick com a condição de que o hacker trabalhasse informalmente para a polícia.

O profissional, no entanto, teria encontrado Walmir Vitorelli por acaso. Um dos policiais envolvidos no suposto esquema de invasões ilegais a dispositivos eletrônicos, Felipe Garcia Pimenta, seria filho do padrasto do cunhado da prefeita.

Num comunicado à imprensa, Walmir admitiu que manteve contato com Patrick, mas negou quaisquer envolvimentos com atividades ilícitas e garantiu que não sabia dos problemas legais nos quais o hacker estava envolvido.

No mês passado, o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), um braço do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), declinou da competência de investigar o caso e remeteu a apuração ao Ministério Público Federal (MPF).

O argumento leva em consideração a "internacionalidade do delito", diz que os atos teriam sido praticados no exterior e que "eventuais resultados produzidos no Brasil conduzem a competência para julgar e processar os fatos à Justiça Federal".

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