COLUNISTA

A coluna animal desta semana é sobre especismo

Por Thaís Viotto |
| Tempo de leitura: 2 min
Presidente da Comissão de Proteção e defesa animal da OAB Bauru (CDPA) e do Conselho Municipal de Proteção e defesa dos animais (COMUPDA BAURU)
ONG Mercy For Animals

O especismo, de forma didática e resumida para tratar nesta coluna, é a discriminação do ser humano em relação aos animais não humanos. É a falsa premissa de que o ser humano é a espécie superior, acreditando que apenas a espécie humana é destinatária da proteção das normas e do sistema legal, por exemplo.

Também é importante trazer a conceituação do especismo seletista, que é quando o ser humano elege algumas espécies para ter proteção em detrimento de outras.

Um exemplo clássico disso é a Lei Federal 14.064/2020, que alterou o artigo 32 da Lei de Crimes ambientais, 9.605/1998, trazendo a forma qualificada de maus-tratos quando este for cometido contra cães e gatos. Essa lei permite até mesmo a prisão em flagrante do agressor. Agora fica a pergunta: por qual motivo, senão o especismo seletista, o legislador não incluiu os outros animais igualmente sencientes no aumento da pena?

Assim, começamos a reflexão da coluna com uma frase: "Ainda é difícil enfrentar uma sociedade que prega valores contraditórios e esquizofrênicos, que morre de dó dos pandas, das baleias, mas chora de emoção ao ouvir 'Ave Maria' entoada na abertura dos rodeios".

Referências: Livro - Abolicionismo animal: Ética e Direitos Animais - Artigo: Do especismo, da esquizofrenia moral e da reação ética "pé na porta" - Bueno, Marcio Almeida.

Cães, gatos, cavalos, vacas, todos sentem amor, medo e precisam de carinho.

É fácil condenar pessoas de outros países que comem cachorros, após comer seu sanduíche de presunto. Esse é o especismo seletista.

É fácil condenar pessoas por gostarem de corrida de galgos (cães), enquanto se deleita na corrida de cavalos.

Ou ainda, detestar rodeio, mas realizar hipismo. Qual o nexo racional dessas escolhas, senão o especismo seletista? Pois não há explicação plausível para proteger alguns em detrimento de outros. Todos têm a mesma dignidade, esta não é um "atributo" outorgado pelo ser humano aos demais animais, mas algo intrínseco, transcendente. Não um valor atribuído.

Os animais não deveriam ser coisas com valor monetário a serem consideradas, pois eles possuem, assim como nós, valor inerente. Não deveriam ser tratados como escravos dos nossos interesses.

Assim, terminamos com uma frase: juntos pela abolição animal, pelo combate ao especismo, superação do paradigma antropocêntrico que considera os animais objetos de interesses humanos e do especismo seletista, que ama e protege algumas espécies de animais e discrimina outras, apesar de todos serem sensientes e, por isso, semelhantes.

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