OPINIÃO

A República fez bem para o Brasil

Por J.F. da Silva Lopes | 17/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é advogado

Neste quinze de novembro festejamos, sem pompa, 134 anos da Proclamação da República, no fundo quartelada burocrática, sem povo e sem resistências que alterou os destinos do nosso país. Naquela época os militares aspiravam poder político e influência, a elite econômica, essencialmente rural, repudiava a Família Imperial e a Princesa Isabel pelo fim da escravidão, o governo central estava muito distante e, nas cidades, sem fardas e com patentes sem boa origem os coronéis mandavam e desmandavam, para o bem e para o mal.

Com respaldo militar do alagoano Marechal Deodoro da Fonseca, o fluminense José do Patrocínio, mulato e farmacêutico, em sessão solene na Câmara Municipal do Rio de Janeiro proclamou a República, a família imperial permaneceu confinada por dois dias até ser embarcada para exílio em Portugal e, de lá, para Paris.

Tudo em aparente calma, sem resistências, sem tumultos, sem sangue e sem lamentos saudosistas. Desde então o Brasil e seu povo têm tratado a família imperial - que é brasileira - com dignidade e respeito. Seu atual chefe, herdeiro presuntivo do trono brasileiro Bertrand Maria José Pio de Orléans e Bragança, bisneto da Princesa Isabel, solteiro e sem descendência direta, meu colega de Turma nas Arcadas de São Francisco (1964), devoto de Nossa Senhora Aparecida e membro ativo do movimento católico de ultradireita Tradição, Família e Propriedade (TFP), fundado por Plínio Correia de Oliveira, vive entre nós - e igual a nós - normal e republicanamente como qualquer outro cidadão.

A República fez bem ao Brasil e deu espaço e condições pela influência de Rui Barbosa para que tivéssemos nossa primeira Constituição Republicana (1891), modelada conforme a Constituição dos Estados Unidos, para aqui instituir um estado federal descentralizado com forma de governo republicana, reconhecida a soberania popular e a individualidade dos sufrágios com peso e valor igual para todos, assegurada a igualdade de todos em face de todas as situações, com igual dignidade e sem qualquer espécie de discriminação.

Desde então começamos vivência e construção democrática, com bons momentos positivos e outros tantos negativos aos sabores e percalços de diversas conjunturas políticas até conseguirmos o formidável pacto político que nos entregou a Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 que nos garante - e com certeza definitivamente - que a República Federativa do Brasil é um Estado Democrático de Direito, fundado na soberania, na cidadania, nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e no pluralismo político.

Nada mais se pode pretender diante de tais valores, a não ser o permanente compromisso nacional de todos nós de realizar os objetivos constitucionais do Estado brasileiro, em direção a uma sociedade livre, justa e solidária que garanta o desenvolvimento nacional, erradique a pobreza e a marginalização e reduza as desigualdades sociais e regionais para o bem de todos, sem preconceitos e quaisquer formas de discriminação (CF. art. 3, I, II, III e IV).

E isso tudo constitui missão carregada de justos propósitos que confere às gerações brasileiras irmanadas numa causa que é de todos, atinge a todos e a todos engrandece, a sagrada tarefa de realizar os objetivos nacionais a partir de um momento histórico que se delineou a cento é trinta e quatro anos e que nos mantém soberanamente vinculados ao nosso povo, à nossa história e à nossa pátria.

Nas monarquias, mesmo nas monarquias constitucionais, as grandes responsabilidades e grandes desafios são dos Reis. Principalmente deles. Na República, entretanto, nós compartilhamos responsabilidades, nós ajustamos nossos rumos, definimos nossas missões, traçamos nossas metas e objetivos e conduzimos a nós mesmos em direção a objetivos que entendemos gloriosos. Por isso, e sem qualquer dúvida, a República nos fez e nos faz bem.

Viva a República aqui proclamada em 15 de novembro de 1989!

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