OPINIÃO

A guerra do sem fim

Por Zarcillo Barbosa | 14/10/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é jornalista

O mundo acompanha, horrorizado, a intensificação do conflito entre israelenses e palestinos, na Faixa de Gaza. As vítimas, agora, são contadas aos milhares e os requintes de crueldade mostram que já não se trata de uma guerra, mas de atos de extermínio e terror.

Para fazer um recorte mais atual, o conflito entre israelenses e palestinos remonta ao início do século passado, e está longe de acabar. Entre a segunda metade do século 19 e a primeira metade do século 20, uma migração em massa de judeus de vários países para a Palestina provocou uma mudança na demografia local. Majoritariamente árabe, a região - que até 1917 pertencia ao Império Otomano - passou a ter uma população judaica cada vez maior.

Nos primeiros anos do mandato britânico na Palestina, houve confrontos entre árabes e judeus. Começou-se então a discutir o que fazer diante daquela situação. A ONU pôs em prática um plano de divisão em duas partes: uma para os judeus e outra para os árabes. A insatisfação em torno do mapa definido pela ONU gerou uma guerra civil entre os dois povos.

Com a saída dos britânicos, em 1948, países árabes vizinhos tentaram invadir o recém-criado Estado de Israel. Mas, ao término do conflito, os israelenses aproveitaram para ampliar suas fronteiras, invadindo parte do território destinado aos palestinos pela ONU.

A Faixa de Gaza esteve sob domínio dos israelenses até 2005, quando resolveu retirar seus colonos e militares do território e entrega-lo à Autoridade Nacional Palestina, num gesto de boa vontade. Continuou com a política de assentamentos na Cisjordânia e a parte Oriental de Jerusalém, contrariando o que a ONU havia determinado.

O Hamas (Movimento de Resistência Muçulmana), que passou a controlar Gaza em 2007, não reconhece Israel e quer destruí-lo. Desde então, recrudesceram os confrontos abertos, ataques com mísseis de ambos os lados, intifadas (revoltas populares) e tentativas de acordos de paz que sempre são emperradas por algum motivo.

Entre os pontos de desacordo estão a divisão de Jerusalém, a retirada dos colonos israelenses de terras palestinas, o retorno de refugiados das guerras árabe-israelenses a suas antigas terras e o reconhecimento da Palestina como Estado independente.

Se os dois lados quiserem viver em paz, terão que resolver essas questões.

Cada ano, grupos radicais tornam o conflito mais complexo. A diplomacia brasileira, no governo Lula, defende que Israel deve abandonar sua política de colonização da Cisjordânia e resolver o problema dos palestinos que ficaram sem suas terras invadidas e há décadas vivem em acampamentos.

Os evangélicos pentecostais do Brasil defendem Israel porque os judeus são identificados no Velho Testamento (Gênesis 17) como "povo escolhido por Deus". Segundo o profeta Zacarias, quem o apoia é abençoado. Bolsonaro, quando presidente, prometeu a Benjamin Netanyahu mudar a Embaixada do Brasil de Telavive para Jerusalém. Uma ofensa para o mundo árabe que não reconhece a cidade sagrada, como capital de Israel. A mudança da representação diplomática não se concretizou em nível de Embaixada.

Curioso que os movimentos radicais de direita apoiam Israel e a esquerda defende os palestinos. Os criadores de Israel sempre foram de esquerda e trabalhistas, como Ben Gurion e Golda Meyer. Esse "socialismo que deu certo", inspirou-se nos kolkhozes - fazendas coletivas da antiga União Soviética - para criarem os kibutzim, a propriedade rural cooperada de produção agrícola dos israelenses.

O movimento nacionalista de criar uma nação judaica na pátria ancestral é chamado de Sionismo, por causa de Sion, antiga designação de uma colina de Jerusalém.

Semitas são os descendentes de Sem, um dos filhos de Noé. Judeus e árabes têm a mesma origem bíblica. Antissemitismo é a aversão aos povos de origem judaica.

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