OPINIÃO

Governo Lula: cuidado para não Dilmar!

Por Reinaldo Cafeo | 28/09/2023 | Tempo de leitura: 3 min

O autor é diretor regional da Ordem dos Economistas do Brasil

Analisando o comportamento da economia brasileira do Plano Real (1994) até 2022, portanto, envolvendo os governos Fernando Henrique Cardoso, Lula 1 e Lula 2, Dilma 1 e 2 (parcial), Michel Temer e Jair Bolsonaro, constata-se que os anos de fracasso econômico foram aqueles em que o país não teve rigor fiscal.

Considerando o resultado primário do governo central, portanto, receitas menos despesas sem considerar o serviço da dívida, ou seja, os juros da dívida pública, toda vez que houve superávit o país cresceu e quando houve déficit o país andou para trás.

Os dois anos mais emblemáticos foram 2015 e 2016, quando Dilma Rousseff era presidente, à medida que o país pela primeira vez teve recessão econômica por dois anos seguidos. Dilma provocou o efeito de uma pandemia na economia. Outro ano de recessão foi exatamente durante a pandemia, e todos nós sabemos que foi período atípico e não serve de base de comparação com os demais anos.

Os dois mandatos de Lula (2003 - 2011), pegando carona na estruturação do Plano Real, e no boom de commodities mundial, trouxeram resultados primários positivos. Isso garantiu crescimento econômico melhorando a vida das pessoas. Entretanto, os gastos públicos começaram a crescer acima da inflação, e com erros primários na condução econômica.

Dilma não conseguiu manter o mesmo desempenho de anos anteriores. A bomba estourou em suas mãos, e no afã de manter o nível de atividade econômica, o país entrou em aventuras econômicas, focando o crescimento no consumo das famílias, subsidiando juros, tributos, entre outras medidas, e deu no que deu: como mencionado, dois anos de recessão. O déficit fiscal se instalou, e Dilma foi impedida e não completou seu governo, deixando uma herança negativa sem precedentes.

O que Michel Temer, sucessor de Dilma fez? Trouxe o economista Henrique Meirelles e resgatou o aperto fiscal: introduziu o Teto de Gastos. Como foram somente dois anos de mandato, os resultados fiscais vieram nos anos de governo de Bolsonaro. Por sinal, mesmo diante da pandemia, e tendo que injetar recursos abundantes na economia, depois de um ano de recessão, o país voltou a crescer em "V", finalizando seu governo com superávit primário. Novamente o crescimento econômico se deu pelo rigor fiscal.

E agora? Há um Novo Arcabouço Fiscal, isso é bom, porém, não observo nenhum compromisso mais incisivo do atual governo em cumprir em controlar gastos, focando no aumento da arrecadação tributária. O buraco fiscal para 2024 ainda não está equacionado e este ano o resultado será negativo.

Algumas decisões do governo Lula na economia, como forçar a queda de juros, introduzir o PAC, aumentar o número de ministérios, enfim, ampliar os gastos públicos, passam a impressão de que Lula está mais para Dilma do que para Lula nos primeiros mandatos. Qual é o risco desse modelo? Debilitar a economia.

Vale ainda destacar que o Lula atual não tem os mesmos apoios do passado e que o mundo está se adaptando a queda do nível de atividade econômica, principalmente com crescimentos mais modestos da China e Estados Unidos.

Diante destas constatações, fica o alerta: governo Lula, cuidado para não Dilmar!

É preciso aprender com o passado.

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