NA CORPORAÇÃO

Transferência de comandantes cria mal-estar e acirra crise entre PM e secretário

Por Folhapress e Redação |
| Tempo de leitura: 3 min
Bruno Freitas
Coronel Hudson Covolan, ex-comandante do CPI-4, de Bauru, foi transferido para Osasco
Coronel Hudson Covolan, ex-comandante do CPI-4, de Bauru, foi transferido para Osasco

A transferência de dois coronéis da Polícia Militar de São Paulo, publicada na última terça (29) no Diário Oficial do Estado, gerou uma crise entre o secretário da Segurança, Guilherme Derrite, e integrantes da cúpula da corporação.

Um dos afetados pela medida é o coronel Hudson Covolan, comandante do Comando de Policiamento do Interior-4 (CPI-4), lotado em Bauru. O JC antecipou a crise no alto escalão da corporação na coluna Entrelinhas desta sexta-feira (1).

O clima é considerado tão tenso que não está descartada uma inédita debandada de nomes do coronelato, entre eles o próprio comandante-geral da PM, Cássio Araújo de Freitas.

O motivo da irritação dos oficiais não é a transferência. O problema estaria na forma como ela ocorreu, que classificam como desrespeitosa, e também por indicar uma possível perseguição pessoal.

Como informou a coluna Entrelinhas, o deputado federal Capitão Augusto (PL), policial militar reformado, afirmou que "nada justifica a transferência". Augusto encaminhou um ofício pedindo informações sobre o caso ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O descontentamento dos oficiais é amplificado pelo perfil dos coronéis transferidos, Hudson Covolan e Marcos de Paula Barreto. Ambos são considerados profissionais exemplares por colegas, e assim não haveria justificativa técnica para mudanças por "conveniência do serviço".

Em nota, o governo afirma que reconhece e valoriza o trabalho dos policiais e que vem realizando "movimentações de rotina" a partir de critérios técnicos.

Segundo oficiais, os coronéis Hudson e de Paula teriam ficado sabendo das mudanças pelo Diário Oficial.

O primeiro, que comandava a região de Bauru, foi enviado para comandar região de Osasco, a 300 km de distância. De Paula, que comandava a academia do Barro Branco, foi transferido para região de Bauru.

O motivo para tal decisão da gestão Tarcísio, dizem oficiais, seriam supostas críticas feitas por esses coronéis. Ambos teriam manifestado certa decepção com a falta de preparo de Derrite para dirigir a pasta da Segurança.

As críticas teriam chegado ao conhecimento do secretário, que, irritado, teria determinado a transferência. O comandante-geral, coronel Cássio, teria defendido a permanência dos dois colegas, pelo bom trabalho e pela possibilidade de crise.

Essas transferências estão sendo atribuídas pelo oficialato ao secretário Derrite, e não a Tarcísio, embora tenham sido assinadas pelo governador, que tem competência legal para transferir coronéis.

Procurado, o Governo de São Paulo não explicou se a decisão partiu de Tarcísio ou de Derrite nem quais foram os critérios para a transferência.

Em nota, o governo afirmou que "a gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas".

Oficiais superiores da PM têm manifestado insatisfação com Derrite desde o anúncio de que ele fora escolhido para a pasta, no final do ano passado.

Hudson está na Polícia Militar desde 1988. Já trabalhou por três anos na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) e liderou a Força Tática na região do Capão Redondo, zona sul da capital.

A mudança de comando teve repercussão negativa entre a população e políticos de Bauru. Em novembro do ano passado, Hudson foi homenageado na Câmara Municipal pelo trabalho realizado.

Natural de Bauru, Hudson estava à frente do Comando de Policiamento da região desde 2021. No mês de julho deste ano, a região de Bauru registrou queda de 46% no número de homicídios dolosos (intencionais), de 27% no número de roubos em geral e de 14,7% no número de furtos em geral, na comparação com o mesmo período do ano passado. Procurados pela reportagem, nem Hudson nem Marcos se manifestaram.

Comentários

2 Comentários

  • CLAUDINEI JOSE CORREIA SOUZA 02/09/2023
    Sim é uma forma de perseguição. Senão o deputado capitão Augusto não teria se incomodado também.
  • José Marcelo Ravanhan 02/09/2023
    TALVEZ,ATE POR SEREM NOMES DE PRESTÍGIO DENTRO DO QUADRO DE OFICIAIS DA PM,OS DOIS CORONÉIS DA PM SÃO OS NOMES CERTOS PARA SEREM ALÇADOS A COMANDAR AS REGIÕES DE OSASCO\"ATUAL CORONEL DE BAURU E REGIÃO DE BAURU\"ATUAL COMANDANTE DA REGIÃO DE OSASCO \" NÃO ,VEJO COMO PERSEGUIÇÃO MAS COMO SOLUÇÃO PARA PROBLEMAS PONTUAIS EM SE TRATANDO DA CAPACIDADE EPREPARO DE AMBOS EM REGIÕES ONDE UM COMANDO MAIS FORTE SE FAZ NECESSÁRIO. SUCESSO A AMBOS NESTES NOVOS DESAFIOS EM SUAS CARREIRAS