A revogação do Novo Ensino Médio (NEM) é uma das lutas encampadas pela chapa 1 "Uma Apeoesp unida", que venceu as eleições sindicais para o comando da subsede de Bauru do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), no final de maio.
"Atuamos em prol dos direitos trabalhistas dos profissionais, mas também defendemos os interesses dos usuários da educação, ou seja, a população. Nesse aspecto, estamos engajados no combate ao Novo Ensino Médio", reitera Carlos Quagliato, coordenador da subsede, que abrange cerca de 100 escolas em 16 cidades da região.
Ele ressalta que o Estado de São Paulo é a unidade federativa em que o NEM está no terceiro ano, sendo o estágio mais avançado em todo o Brasil. "Já estamos sentindo os efeitos do desmantelamento da educação. Atualmente, um aluno do ensino médio tem apenas disciplinas básicas como língua portuguesa, inglesa, matemática e educação física. O restante são itinerários formativos que não têm caráter científico, são apenas aplicações", critica o professor.
Para Lucas Maldonado, vice-coordenador, o principal impacto das mudanças é a exclusão dos alunos das universidades públicas. "Até então, os estudantes conseguiam ingressar no ensino público, mas agora não conseguirão mais. A reforma prejudica os professores, que ficam sem aulas para lecionar e, consequentemente, recebem menos, e também os alunos, que ficam sem disciplinas importantes para passar no vestibular. O Enem e outras provas não mudaram", explica.
Carlos destaca que os docentes também são obrigados a lecionar nas aplicações e, com isso, são afastados das disciplinas de sua formação e experiência. "O Novo Ensino Médio é indefensável. É necessário revogá-lo para minimizar os prejuízos e pensar em um modelo que atenda melhor à juventude".
Outra questão problemática apontada pelas lideranças é a falta de contato e debate com a categoria e a sociedade em geral antes da implementação do NEM. Para o grupo, o principal interesse dos apoiadores desse modelo é que, sem uma formação científica, haja mais mão de obra disponível para empresas que empregam trabalho "precarizado" e sem necessidade de formação científica.
Carlos leciona há 25 anos e afirma que já percebe a frustração dos alunos em relação às novas disciplinas e o aumento da evasão escolar. "Os alunos não gostam dos itinerários formativos e preferem as disciplinas básicas. Eles se sentem enganados", relata.
OUTRAS DEMANDAS
Os coordenadores também reafirmaram o compromisso da chapa, eleita com 86% dos votos válidos, com a luta por melhores salários e por concurso público para toda a categoria. "O concurso público recentemente aberto disponibilizou apenas 15 mil vagas. A Apeoesp estima que sejam necessárias 100 mil vagas para atender à demanda", comenta Carlos.
Atualmente, muitos professores são contratados sem passar por concurso público, na categoria de contratação temporária. Para Lucas, esse tipo de profissional fica sem direitos e é marginalizado.
Os professores ainda criticam o fechamento de vagas noturnas, sob a justificativa de falta de alunos. Na análise deles, há, sim, demanda, especialmente devido ao número de alunos que trabalham durante o dia.
A chapa 1 é composta por 40 membros, a maioria pertencente ao coletivo Chão de Giz, mas também inclui professores independentes e de outras organizações.
