BAURU

Entrevista da Semana: Gilda Maria Scalfi Carvalho

Por Tisa Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 5 min
Larissa Bastos
Gilda Maria Scalfi Carvalho trabalhou por 31 anos na prefeitura
Gilda Maria Scalfi Carvalho trabalhou por 31 anos na prefeitura

"É um trabalho de formiguinha, mas persistimos porque se, de dez pessoas, conseguirmos conscientizar uma, já será uma vitória". É assim que Gilda Maria Scalfi Carvalho, 51 anos, descreve o trabalho de educação ambiental que desenvolveu durante muitos anos como servidora pública dentro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

Entre os principais projetos que desenvolveu, ela foi responsável por implantar o Centro de Educação Ambiental, que funciona no Horto Florestal, e ainda contribuiu para que Bauru conquistasse o certificado do Programa Município Verde Azul, concedido às cidades que adotam políticas públicas na gestão ambiental.

Formada em administração, com pós-graduação em gestão pública, e aposentada há pouco mais de um mês, trabalhou por 31 anos na Prefeitura de Bauru, sendo 17 deles na Semma, sob as gestões dos prefeitos Tuga Angerami, Rodrigo Agostinho, Clodoaldo Gazzetta e Suéllen Rosim. Também foi membro do Conselho Municipal do Meio Ambiente (Comdema), integrando a diretoria da entidade nos últimos seis anos, e atuou, ainda, na Defesa Civil.

Nascida em Altônia (PR), Gilda veio morar ainda criança com a família em Bauru, onde conheceu o marido, Paulo Sergio, com quem teve o filho Gabriel, 24 anos. Nesta entrevista, ela fala como se apaixonou pela defesa do meio ambiente, conta sobre sua trajetória dentro do serviço público, revela como a maternidade transformou sua vida e projeta planos para o futuro, após a aposentadoria. Leia, abaixo, os principais trechos.

JC - Fale um pouco sobre sua origem.

Gilda - Nasci em Altônia, no Paraná. Meu pai tinha um açougue e minha mãe era dona de casa. Eu tinha nove anos quando viemos morar em Bauru, porque meu pai foi trabalhar na Estação Ferroviária, mas logo se aposentou. Então, passei praticamente minha vida toda em Bauru. Comecei a trabalhar cedo, aos 12 anos, em uma clínica odontológica, pela Legião Mirim. Depois, trabalhei em um escritório de vendas, como secretária. Aí, fiz concurso para a prefeitura e passei, quando tinha 20 anos.

JC - Como surgiu o interesse pelo serviço público?

Gilda - Foi por influência de um cunhado, que trabalhava na prefeitura. Ele insistiu muito para eu fazer este concurso. Fui trabalhar, inicialmente, na área administrativa da Seprem, que era o Serviço de Previdência dos Municipiários de Bauru, hoje Funprev. Depois de dez anos, fui para a Secretaria da Administração, onde fiquei cerca de dois anos e meio. Fui, então, para a Semma, na gestão do Tuga Angerami, para atuar como diretora da divisão de expediente. Quando o Rodrigo Agostinho já era prefeito, também fui diretora do Departamento de Ações e Recursos Ambientais e do Departamento Zoo Botânico. Na época em que o Valcirlei (Gonçalves da Silva) era secretário, eu era praticamente assessora dele. Já quando o Sidnei (Rodrigues) assumiu a Secretaria de Obras, fui para lá com ele. Depois, fui com ele para a Defesa Civil, onde fazia a divulgação do trabalho realizado pelo órgão, e, quando ele voltou para a Semma, o acompanhei. E foi lá onde me aposentei.

JC - Você atuou bastante na área de educação ambiental. Quais foram seus projetos mais marcantes?

Gilda - Um deles foi o Centro de Educação Ambiental, no Horto Florestal. Fiquei quatro anos lá trabalhando muito para implantar este projeto, que foi inaugurado em junho do ano passado. Também toquei a Semana Integrada do Meio Ambiente de Bauru (Simab) e o projeto Cidade Limpa. Na época do Valcirlei, também ajudei a idealizar a Feira Integrada do Meio Ambiente (Fimab). Sou honrada por ter recebido a certificação do Programa Município Verde Azul no ano passado, por Bauru ter alcançado a pontuação necessária. Mas gostaria de deixar registrado que, na vida, o que mais me marcou foi a chegada do meu filho. Tudo o que vivemos juntos é sempre minha melhor história. Há um ano, ele foi morar em Sorocaba com a namorada e ainda sinto muita falta.

JC - Você já tinha interesse em trabalhar na área ambiental antes ou descobriu esta vocação no serviço público?

Gilda - Na época do Valcirlei, criamos um setor de realização de eventos voltado à área ambiental e isso foi uma porta que se abriu. Foi quando eu comecei a assumir alguns projetos, como a Simab, a revitalização do Horto e a criação do Centro de Educação Ambiental. Também trabalhava muito com a equipe do Zoológico. Com o tempo, fui fazendo alguns cursos na área, me aprofundando e me apaixonei pela causa. É um trabalho de formiguinha, em que não vemos resultados de forma imediata, mas persistimos porque se, de dez pessoas, conseguirmos conscientizar uma, já será uma vitória. E, nestes últimos 20 anos, a conscientização da população avançou muito. Quando a Simab começou, recebia um público de 1 mil pessoas - e sempre as mesmas. No ano passado, alcançamos 6 mil pessoas - e um público muito mais heterogêneo. Sei que, com meu trabalho, contribui para esta transformação.

JC - Agora, com a aposentadoria, quais são os planos?

Gilda - Ainda não caiu a ficha, parece que estou em férias. Mas sinto que dei minha contribuição e, agora, é hora de dar espaço para outras pessoas, com ideias novas. Tenho vontade de fazer trabalho voluntário em entidades onde tem crianças, mas ainda estou amadurecendo a ideia. E não descarto 100% a possibilidade de voltar a trabalhar, se surgir uma oportunidade interessante. Mas, por enquanto, quero compartilhar mais tempo com a família, tomar minha cervejinha com os amigos e viajar pelo Brasil com minha irmã, meu cunhado e meu marido.

O QUE DIZ A SERVIDORA

"Gostaria de deixar registrado que, na vida, o que mais me marcou foi a chegada do meu filho"

"[Educação ambiental] é um trabalho de formiguinha, mas persistimos porque se, de dez pessoas, conseguirmos conscientizar uma, já será uma vitória"

"Nestes últimos 20 anos, a conscientização da população avançou muito. Sei que, com meu trabalho, contribui para esta transformação"

Gilda com o marido Paulo e também na companhia da mãe, Rosa  (arquivo pessoal)
Gilda com o marido Paulo e também na companhia da mãe, Rosa (arquivo pessoal)
Gilda com Carlos Rodrigues, do programa Município Verde Azul, Marcos Picoli e Levi Momesso, da Semma (arquivo pessoal)
Gilda com Carlos Rodrigues, do programa Município Verde Azul, Marcos Picoli e Levi Momesso, da Semma (arquivo pessoal)
Gilda com o marido Paulo, em 2018, em Alagoas, comemorando 25 anos de casados (arquivo pessoal)
Gilda com o marido Paulo, em 2018, em Alagoas, comemorando 25 anos de casados (arquivo pessoal)
Gilda (ao fundo, à esquerda) com a equipe da Semma (arquivo pessoal)
Gilda (ao fundo, à esquerda) com a equipe da Semma (arquivo pessoal)

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