CIÊNCIA

Se não sabe o que é, não use, perigo a vista!

Por Alberto Consolaro | 18/02/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Reprodução

As tranças fazem parte do dia a dia e sua aplicação deve ser muito segura!
As tranças fazem parte do dia a dia e sua aplicação deve ser muito segura!

Sobre produtos naturais a vida nos ensina; já sobre os industrializados não sabemos de nada. Usamos produtos industrializados na alimentação, higiene pessoal e produtos estéticos. Até para fazer tranças, passa-se pomadas que até cegam se chegarem nos olhos. E aí vem o sujeito mal-intencionado ou sem noção e pergunta: - Mas se passa no cabelo, por que não pode nos olhos? Se passa na pele porque não na boca e outras mucosas?

O cabelo e as unhas são formados por uma proteína chamada queratina e não tem células na composição. Ela aguenta tintas de cabelo, clareadores e muitas outras coisas. A pele tem camadas de queratina em toda superfície corporal, as vezes mais espessas, as vezes menos.

A camada de queratina explica por que certos produtos podem ser usados na pele, mas não nas mucosas da boca, nariz, olhos e genitais. As mucosas são a pele destes orifícios, mas não tem queratina espessa, ou nem tem. São regiões bem mais delicadas e sensíveis a produtos químicos.

Para clarear os dentes, não se deve deixar o produto entrar em contato com as mucosas, pois é peróxido de hidrogênio que penetra e contribuem para a geração do câncer bucal. Se deve proteger a mucosa gengival e bucal com barreiras resinosas aplicadas pelo profissional e o procedimento fica seguro. Todo clareador é peróxido de hidrogênio também conhecido como perborato de sódio, peróxido de ureia, peróxido de carbamida e água oxigenada.

LER A EMBALAGEM

Tudo que se usa, deve se ler antes a embalagem, verificar o que é o produto, recomendações especiais, formas de usar, limitações e contraindicações. É uma questão de vida e se o fabricante colocar tudo isto na embalagem, ele não será condenado se tiver o seu registro normal.

A ciência está disponibilizada para ser usada por qualquer cidadão. É um direito, mas o cidadão não sabe traduzir informações científicas. A sociedade sustenta uma quantidade incrível de profissionais para checar e colocá-las em todas as embalagens dos produtos, disponibilizando informações seguras em seu site. Este grupo organizado de profissionais do governo se chama ANVISA.

Tudo que se comercializa no país tem que passar por ela e recebe um número de registro que deve constar na embalagem e ou na bula. Quando você quer mais informações, coloque este número no site da Anvisa e lá se constará tudo. Se aparecer outro produto ou nada aparecer por lá: cuidado, certifique-se bem e nem use o produto, ele pode ter uma origem duvidosa.

Não consuma nada sem o número Anvisa ou de registro em ministério da agricultura, pesca e outros. Pode ser produto contrabandeado, fabricado clandestinamente, ou seja, falsificado ou contaminado. Alguns alegam que isto faz o produto ser mais caro que os “alternativos”. Se pensar assim como faremos com os carros e aviões caros: roubaremos? Devemos lutar legitimamente para que os produtos fiquem mais baratos, mas correr riscos de saúde, não vale a pena!

REFLEXÃO FINAL

Os olhos humanos agredidos pelas pastas para fazer tranças, quase ficaram cegos ao escorrerem com a água da chuva ou banho. Isto me fez lembrar da crueldade que se fazia, até alguns anos atrás, com os animais nos testes para ver se o produto era agressivo nos olhos! O sofrimento deles era terrível e existiam testes laboratoriais muito mais precisos.

Cá entre nós, se a pessoa usa produtos: 1) Sem ler a embalagem, 2) Sem saber o que se está usando no cabelo, 3) Sem checar o registro na Anvisa, 4) E se não segue as recomendações e os cuidados a serem tomados; ela está susceptível a tudo neste mundão de Deus. Em tempo: Você ama seu corpo? Você sabe tudo sobre o que usas em seu corpo?

(Alberto Consolaro – Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC)

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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