OS EM BAURU

OS que assume UBSs de Bauru é mencionada em escândalo no RJ

Por André Fleury Moraes | da Redação
| Tempo de leitura: 2 min
Nelson Jr./SCO /STF
A procuradora-geral Lindôra Araújo, autora das denúncias contra Witzel e Everaldo
A procuradora-geral Lindôra Araújo, autora das denúncias contra Witzel e Everaldo

A Organização Social (OS) Hospital Mahatma Gandhi, com sede em Catanduva-SP e vencedora do chamamento público para assumir as Unidades Básicas de Saúde com horário estendido em Bauru, é citada pelo Ministério Público Federal como uma das operadoras da "caixinha" que teria arrecadado R$ 50 milhões em propina para o ex-governador Wilson Witzel (PMB, ex-PSC) e ao Pastor Everaldo, presidente nacional do PSC.

O fato veio à tona na série de escândalos que se tornaram públicos no RJ entre 2020 e 2021 e que causaram, inclusive, o afastamento e posterior impeachment do ex-governador e a prisão temporária de Pastor Everaldo.

A Mahatma Gandhi assume as Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos bairros Bela Vista, Chapadão/Mendonça e Núcleo Geisel já a partir desta quarta-feira (leia mais na página 5), segundo a prefeitura. Ela venceu o chamamento público para o setor depois que o contrato entre o município e a Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB) se encerrou.

Procurada no início da noite de ontem através do e-mail institucional que disponibiliza em seu site, a OS não respondeu ao JC. A prefeitura, por sua vez, afirma que não tem controle de impedir a contratação de alguma entidade caso não haja irregularidades nos documentos ou processo transitado em julgado (quando não há mais recursos).

A revelação sobre a "caixinha de propina" veio à tona a partir dos depoimentos do empresário Edson Torres, apontado como operador financeiro de Pastor Everaldo. O delator diz que eram cinco OSs envolvidas no caso - uma delas seria a Mahatma Gandhi. Todas estão citadas na denúncia ajuizada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre o caso.

Segundo o documento, cada entidade destinava à caixinha entre 3% a 6% do valor total dos contratos. A propina, por sua vez, tinha como destino final o governador (20%), Pastor Everaldo (20%), os operadores Edson Torres (15%) e Victor Hugo (15%), e o então secretário de Saúde, Edmar Santos (30%).

CONTROLE

A PGR diz que o esquema só pôde ser feito em função da influência de Everaldo sobre o governo de Wilson Witzel, na época filiado ao PSC. Segundo a denúncia, Everaldo chegou a fornecer, através de dois operadores, R$ 980 mil a Witzel antes do término da eleição. A benesse teria sido paga para que o então ex-juiz se mantivesse caso perdesse a disputa.

BENEFICIADA

Para além do episódio envolvendo a "caixinha de propina", a OS Mahatma Gandhi também teria sido favorecida pelo governo do Rio de Janeiro, suspeita o Ministério Público Fluminense, para assumir o Instituto Estadual do Cérebro (IEC).

A licitação que definiu a OS gestora do IEC teria sofrido interferência indevida para desclassificar a primeira colocada, a Pró-Saúde, e entregar o contrato à Mahatma Gandhi. Segundo o MP estadual, a comissão que organizou a concorrência solicitou um documento desnecessário à Pró-Saúde, o que levou a desclassificá-la.

A substituição na vencedora encareceu o contrato em valor equivalente a R$ 10 milhões, índice referente à diferença entre as propostas da Pró-Saúde e da Mahatma Gandhi.

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