Campeonato de doenças: que loucura!

Por Alberto Consolaro | 26/11/2022 | Tempo de leitura: 3 min

Professor Titular pela USP e Colunista de Ciências do JC

Reprodução

Palavras e pensamentos têm poderes: cuidado com o efeito bumerangue das pragas e desejos malévolos
Palavras e pensamentos têm poderes: cuidado com o efeito bumerangue das pragas e desejos malévolos

Falar de doenças é um entretenimento das noites das Arábias, dizia William Osler. Em reuniões de família, bares e confraternizações, o assunto predominante é vida alheia e doenças. Ao falar de doença em roda de conversas e se inicia um campeonato para ver quem tem a mais dolorosa, mais chocante, mais fatal e a mais febril etc.

Nestes dias, tenho acompanhado a gincana macabra sobre o que é pior: a erisipela ou a leucoplasia! Calma senhores, este jogo é perigoso demais. Quando você maldiz e repete muitas vezes a mesma coisa, parece que as energias universais acabam por realizar estes desejos. Só não podemos esquecer que os desejos dos outros, também acabam se realizando e você pode ser alvo deles.

ERISIPELA E LEUCOPLASIA

A erisipela é uma doença bacteriana na pele, inflamatória e necrosante pode promover feridas de aspectos chocantes e muito perigosa. Ela pode evoluir para a sepse quando haverá uma contaminação generalizada com uma reação desorganizada do organismo, chegando-se em alguns casos, ao óbito. Estes casos mais graves estão relacionados com diagnóstico tardio ou pacientes desassistidos.

A leucoplasia é uma mancha ou placa branca nas mucosas com milímetros e até centímetros. Na leucoplasia podem surgir neoplasias malignas com mais facilidade do que em áreas normais, mas se remover estará tudo eliminado. A leucoplasia é uma lesão cancerizável, ou seja, pode evoluir para o câncer, mas não necessariamente. Ela afeta mucosas e é comum na mucosa bucal. A maior parte dos cânceres nas mucosas não se iniciam como leucoplasia, mas pode surgir em sua estrutura e indica-se removê-la.

AGRADEÇA OS ADVERSÁRIOS

Quando se acredita em si mesmo, as críticas são bem-vindas e lhe ajudam a melhorar e aperfeiçoar o pensar, agir, falar e fazer. Sempre agradeci em pensamento e, às vezes, pessoalmente, aos meus adversários pois me fizeram crescer ao apontar defeitos ou falhas. Sempre que critico, o objetivo é a melhora do outro, do processo e ou do sistema.

Desejar o mal do adversários é uma forma muito primitiva de ser autoritário, é quase ser um monarca absolutista ou ainda um ditador facínora, onde a crítica não é bem recebida a ponto de se querer eliminar o adversário via pragas e doenças! Imagine se não houvesse as regras civilizatórias que condenassem o assassínio do outro só porque te incomoda! E pensar que já passamos por isto na época da barbárie.

Como seres evoluídos e espíritos elevados intelectualmente, não podemos desejar o mal do outro com praga e doenças apenas porque não concordarmos com ele. Não aceitar o diferente é uma psicopatia social que requer tratamento psiquiátrico. Os vikings passaram por isto e hoje representam o povo mais evoluído socialmente, apenas para citar um dos povos na história universal.

REFLEXÃO FINAL

Na simplicidade onde vivi minha infância e juventude, lembro como as pessoas respondiam quando se rogava uma praga: “- praga de urubu, cedo ou tarde, cai no mesmo tu!” E acabei vendo isto acontecendo com as pessoas raivosas ao longo da vida, a praga se volta contra si mesmo, como um bumerangue! Um campeonato de doenças, mortes e pragas pode ser perigoso e afetar você mesmo!

E não pense que batendo três vezes na madeira, ficarás livre. Acreditavam que os deuses moravam no centro da Terra, e que batendo nos troncos das árvores três vezes, se chamaria atenção deles, via raízes, para proteger lhe daquela praga que você mesmo falou! Esquece essa superstição, pois Deus mora mesmo é dentro de cada um de nós!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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