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DAE pode perfurar só mais sete poços

Ieda Rodrigues
| Tempo de leitura: 3 min

Estudo do aqüífero Guarani revela que se Bauru perfurar mais que sete poços artesianos, vai prejudicar os em atividadeO Departamento de Água e Esgoto (DAE) anunciou, ontem, que para não prejudicar o aqüífero Guarani, a maior reserva de água existente no subsolo no mundo, pode perfurar apenas mais sete poços artesianos. Isso significa que a cidade precisa viabilizar logo outra fonte de captação de água superficial (rio), uma vez que a exploração do rio Batalha está no limite, para não sofrer desabastecimento nos próximos anos.Atualmente, os 27 poços artesianos em operação são responsáveis pelo abastecimento de 52% de Bauru, retirando do aqüífero Guarani cerca de 52 milhões de litros de água por dia. Estudo feito pela Warteloo Brasil Ltda, empresa contratada pelo DAE, concluiu que a quantidade de água retirada do aqüífero pode aumentar para, no máximo, 80 milhões de litros por dia, o que daria mais sete poços. O aqüífero Guarani é o maior do mundo e está a profundidades que variam entre 250 e 500 metros da superfície do solo. O DAE contratou o estudo porque receiava estar retirando mais água do subsolo do que a capacidade de recuperação do aqüífero. Se forem perfurados mais de sete poços, além de explorar predatoriamente o aqüífero, os poços já em funcionamento poderão sofrer queda de vazão e até secar.Há um mês, os estudos preliminares do aqüífero já haviam apontado para a necessidade de rever a forma de exploração da água do subsolo. Agora, com o estudo concluído, o DAE sabe exatamente quantos poços pode perfurar, onde e qual a vazão de cada um deles para que a exploração não seja predatória, informou Sérgio Macedo, presidente da autarquia. Ele ressaltou que, agora, o DAE tem condições de fazer a gestão dos recursos hídricos, de maneira a não prejudicar o aqüífero. Pela primeira vez um órgão público no Brasil se preocupa com a gestão da água, ao invés de simplesmente resolver o problema de água, disse. O gerente de projetos da Waterloo, Michael W. Kohnke, disse que o subsolo de Bauru tem muita água, que deve ser usada, mas de forma racional para que não prejudique os demais poços artesianos em funcionamento e o aquífero. Com a conclusão dos estudos, o DAE reviu projetos de perfuração de novos poços.Com base nos estudos, o DAE mudou o local de perfuração de dois poços: o Marabá e o Jardim Primavera II. Se perfurasse esses poços onde estavam previstos, poderiam causar redução na produção de água de outros poços, revelaram os estudos.Constatado que não podem ser perfurados mais que sete poços no aqüífero Guarani e considerando que o rio Batalha opera na sua capacidade-limite, o DAE reforça a intenção de explorar o córrego da Água Parada, a cerca de 15 km de Bauru. Conforme explicou o presidente da autarquia, estão sendo feitos estudos da qualidade da água do córrego e do tipo de tratamento pelo qual precisa passar para tornar-se potável. Além de permitir a gestão da água do subsolo, o estudo feito pela Waterloo transferiu ao DAE tecnologia o suficiente para tomar medidas que evitem a contaminação do aqüífero Guarani. No caso de um acidente, em que algum produto tóxico chegue ao aqüífero Bauru (que fica acima do aquïfero Guarani), através de simulações, o DAE saberá quanto tempo tem para impedir a contaminação, onde e como intervir.O estudo do aqüífero custou ao DAE R$ 94 mil, valor considerado baixo por Sérgio Macedo considerando o risco de perfurar poços de maneira errada e, ainda, explorar predatoriamente a água do subsolo. Macedo lembrou que a perfuração de um único poço artesiano custa cerca de R$ 500 mil. Agora, terminada a fase de trabalhos da Wateloo, com a tecnologia adquirida, uma equipe do DAE vai continuar o monitoramento e simulações.

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