Geral

Independência ou morte?

(*) Heraldo Garcia Vitta
| Tempo de leitura: 2 min

Ao descobrimento do Brasil, no dia 22 de abril de 1500, quando a frota de Pedro Álvares Cabral aportou nas terras floridas da Ilha de Vera Cruz, passando pela Independência, brilhantemente declarada por D.Pedro, em 7 de setembro de 1822, nas margens do Ipiranga, até os nossos dias, nunca se viu tantas mazelas, diante de decisões politicamente precipitadas e comprometedoras da soberania nacional.

A começar pela globalização. A insistência das nações desenvolvidas, por meio da qual conseguem impor a exportação de tecnologia de ponta, a pretexto de incrementar a competitividade, levam os países menores a dificuldades de ordem técnica: não obtêm o devido desenvolvimento de seu aparato científico.

Esses países avantajados também criam barreiras alfandegárias para os produtos agrícolas de países exportadores, como o Brasil. De forma indireta (impondo normas sanitárias rigorosas), ou direta (subsídios internos), impedem a melhora do endividamento externo dos países exportadores desses produtos, além de impossibilitar cumprimento de metas sociais (educação, escola, empregos).

O resultado não é nada satisfatório. No aspecto cultural, a imposição de única via pela qual todos devemos nos curvar leva-nos à absurda ignorância de nossa realidade; não sabemos da história nacional e nem entendemos nossos problemas atuais. No lado social, basta verificarmos os índices, mesmo oficiais, do desemprego, do desamparo ao idoso, à criança, ao adolescente. A saúde, precária e sem dinheiro, caminha para o desespero dos mais pobres. A educação, quase toda nas mãos do capital privado, ingressa na mais completa escuridão, à medida da finalidade lucrativa sem a correspondente qualidade; soma-se, ainda, a falta de uma efetiva (e não política) fiscalização dos órgãos governamentais.

Procuramos, sem qualquer originalidade, nos debruçar no aprendizado dos mais poderosos, sem adaptarmos as lições para a nossa realidade; fixamos nossa atenção para o dado externo, fora de nossas fronteiras; buscamos, deixando de lado os esforços do sofrido povo brasileiro, os dólares de investidores internacionais, mais preocupados com o lucro fácil.

Quando D.Pedro recebeu a missiva que o levou, em seguida, a declarar a independência, à beira do córrego, estava agachado para responder a mais um chamado da natureza; se ele estivesse entre nós, rotularia o Brasil, por certo, do mesmo mal que o acometia naquele momento.

(*) Heraldo Garcia Vitta é Juiz Federal e presidente do Instituto Bauruense de Direito Público.

Comentários

Comentários