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Jaú desiste de farmácia municipal

Redação
| Tempo de leitura: 3 min

Proposta de trabalhar com manipulação de fórmulas se revelou inviável economicamente, segundo a Secretaria de Saúde

Jaú - Um estudo patrocinado pela Prefeitura Municipal de Jaú concluiu que a implantação de uma farmácia de manipulação na cidade é inviável. Por isso, a Administração decidiu manter o sistema atual de compra de medicamentos, que utiliza a Fundação para o Remédio Popular (Furp) para a aquisição dos remédios que são distribuídos na rede básica de saúde do município.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Antonio Marcos Rodrigues, o estudo mostrou que a implantação de uma farmácia de manipulação seria economicamente inviável. Ele comentou que, embora essa proposta fizesse parte do programa de governo da atual Administração, designamos nossa farmacêutica-chefe para uma visita técnica a Duartina, onde existe uma farmácia de manipulação funcionando com sucesso, e, a partir do relatório dessa visita, elaboramos um estudo que passou a ser discutido com a Prefeitura.

O estudo, que orientou a decisão pela manutenção do sistema atual, enfatizou três pontos: os custos da implantação de uma farmácia de manipulação; a operacionalização dessa farmácia conforme a legislação vigente; e a comparação dos preços dos medicamentos a serem produzidos pela nova farmácia de manipulação com os fornecidos pela Furp.

Inicialmente, o estudo considerou as mudanças na lei que normatiza a instalação e operacionalização das farmácias de manipulação, apresentadas numa resolução de abril deste ano. As principais condições impostas pela legislação referem-se ao período de estocagem e ao prazo de validade dos produtos. A medicação manipulada não pode ultrapassar 15 dias em estoque e a validade dos medicamentos manipulados não ultrapassa três meses. Já os medicamentos industrializados têm validade de quatro anos, explicou o secretário.

Rodrigues citou, ainda, que a legislação impõe a montagem de um laboratório de controle de qualidade para garantir a estabilidade do produto preparado, proíbe a manutenção de um estoque mínimo de preparação à base de produtos sujeitos a controle especial (como antibióticos e hormônios) e exige a guarda de amostras de referência de cada lote de medicação preparada até o período de seis meses para, em caso de ocorrer algum problema com o paciente, ser feita a análise dessa medicação.

Diante destas constatações e considerando a demanda por medicamentos no município, que, conforme Rodrigues, é de cerca de 1,2 milhão de produtos por ano, incluindo comprimidos, líquidos e pomadas, chegou-se a um custo aproximado de R$ 18 mil ao mês, distribuído entre recursos humanos, matéria-prima, vestimenta e equipamentos de segurança dos funcionários, análise do material, calibração dos aparelhos e laboratório de controle de qualidade. Esse custo não considerou alguns outros gastos, como aluguel ou construção de prédio para a instalação da farmácia de manipulação e despesas com telefone, por exemplo, comentou o secretário.

Mas o que mais chamou a atenção no levantamento feito e que praticamente definiu a posição da administração pela manutenção dos contratos com a Furp foi a comparação do custo da medicação que seria preparada pela Farmácia de Manipulação com a medicação atualmente utilizada. A Aspirina, que custa R$ 0,02 pela Furp, custaria, se fosse fabricado o manipulado, R$ 0,11, ou seja, mais de 400% de diferença. No caso da Aminofilina, utilizado contra asma ou bronquite, o preço do medicamento distribuído pela Furp é de R$ 0,02, enquanto o produto manipulado custaria R$ 0,07. Nada menos que 200% mais caro, concluiu.

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