Anos atrás estava em voga a palavra petrodólares para designar a receita auferida com a venda de petróleo, especialmente pelos países do Oriente Médio. Tais países possuem suas economias fundadas na exportação do petróleo, um recurso natural limitado.
Neste novo século, com a mudança de rumos da economia levada pela consciência da escassez de recursos naturais e pela necessidade de se buscar o desenvolvimento sustentável, assim também pelo avanço tecnológico que nos remete a tecnologias mais brandas, podemos dizer que surgem os biodólares, dinheiro ganho com a exploração da biodiversidade e dos recursos naturais de forma sustentável.
No século que se findou, o desenvolvimento foi obtido com a utilização da tecnologia pesada às custas da exploração sem medida dos recursos naturais e do trabalho em massa de milhões de trabalhadores sob condições muitas vezes desumanas. A idéia de que era preciso destruir para progredir marcou este modelo de desenvolvimento. O século XXI começa marcado por um novo paradigma, qual seja, é necessário preservar para progredir. O desenvolvimento será alcançado na medida que preservarmos nossos recursos naturais e passarmos a utilizá-los de forma sustentável.
Nosso patrimônio ambiental se usado de forma sustentável será fonte de riqueza e progresso. A exploração da biodiversidade, que é a diversidade biológica, a diversidade de vida existente em determinada região, pode ser usada para fins econômicos, por exemplo, através da extração de matéria-prima para indústria de cosméticos, diga-se de passagem uma indústria milionária, assim como pela indústria de remédios, pois todo remédio tem um princípio ativo que é extraído da natureza. Muitos dos remédios patenteados por laboratórios multinacionais foram produzidos por pesquisas de ativos pirateados de nossas florestas e hoje pagamos muito caro por eles. A indústria do turismo é outra que pode trazer muitos dólares para o País e gerar muitos empregos. Temos os mais belos lugares do mundo para serem visitados e admirados. O extrativismo é outra atividade que pode gerar muito dinheiro. Só para ilustrar essa informação no início do século passado houve um surto de desenvolvimento na Amazônia devido ao ciclo da borracha, extraída das seringueiras. Entrou em decadência devido à pirataria de mudas das seringueiras que foram levadas para o sudeste asiático e plantadas lá a um custo menor, acabando com a competitividade de nossa borracha. Devemos aprender com a História para que não repitamos os mesmos erros. A preservação de nosso patrimônio natural deve ser uma questão estratégica do Governo brasileiro para que possamos assegurar um futuro próspero para nosso país. (Ricardo de Oliveira Rocha - OAB/SP. 129.360 - e-mail: rocha-adv@ig.com.br)